O caso Bocardi acendeu um sinal de alerta na matriz da Globo, que agora planeja uma auditoria rigorosa em suas principais filiais, incluindo Globo Minas, Globo Rio de Janeiro, Globo Brasília e Globo Pernambuco.
O foco será verificar possíveis violações de conduta por parte de apresentadores e repórteres, especialmente em relação a relações comerciais com empresas que frequentemente são alvo de críticas nos noticiários. Os apresentadores da Globo Minas serão “investigados” nesse processo.
Empresas de ônibus, coleta de lixo e obras públicas estão no centro das atenções, já que são setores que costumam gerar matérias negativas devido à má qualidade dos serviços. A preocupação é que esquemas semelhantes ao de São Paulo possam estar ocorrendo em outras capitais.
Demissão de Bocardi e o impacto nas filiais
Rodrigo Bocardi, um dos nomes mais conhecidos da Globo São Paulo, foi demitido após uma investigação interna revelar indícios de que ele estaria envolvido em um esquema para receber pagamentos de empresas de transporte público, limpeza urbana e obras públicas. A suspeita é que, em parceria com um assessor de imprensa especializado em gerenciamento de crises, Bocardi recebia valores para evitar críticas ao vivo a essas empresas e até derrubar pautas negativas.
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O apresentador nega todas as acusações, mas a Globo decidiu cortar relações após considerar as evidências “suficientemente graves”. O caso já está sendo tratado como um dos maiores escândalos internos da emissora nos últimos anos, com potencial para gerar mudanças em todas as suas filiais, incluindo a Globo Minas.
Menos opinião na Globo
O caso Bocardi também reacendeu um debate interno na Globo sobre o tom dos seus telejornais. Nos últimos anos, a emissora vinha adotando uma postura mais opinativa, influenciada pelo sucesso de programas sensacionalistas da concorrência, como os da Record. Âncoras como William Bonner, do Jornal Nacional, passaram a expressar breves opiniões e reações faciais após algumas notícias, algo que viralizou nas redes sociais.
No entanto, com o escândalo envolvendo Bocardi, há uma tendência de que a Globo retome uma postura mais neutra e factual em seus noticiários, evitando comentários pessoais que possam ser interpretados como influenciados por interesses externos.
Jornalistas com outras fontes de renda
Além do suposto esquema de propina, a investigação interna da Globo também levantou questões sobre outras fontes de renda de seus jornalistas. Bocardi, por exemplo, teria cobrado R$ 55 mil por hora para realizar palestras e treinamentos de media training para empresas privadas, como o Bradesco. Em 2023, ele teria realizado pelo menos 10 trabalhos do tipo, superando seu salário na emissora.
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Salários baixos na Globo Minas
A Globo Minas, assim como outras filiais, nunca foi conhecida por oferecer os melhores salários do setor. Nos últimos anos, vários repórteres e apresentadores deixaram a emissora em busca de melhores condições de trabalho. O caso Bocardi pode intensificar esse cenário, já que a fiscalização sobre atividades paralelas deve se tornar mais rígida.