O assassinato de Clara Maria Venâncio Rodrigues, uma jovem de 21 anos, tem chocado Belo Horizonte e ganhado repercussão nacional. O corpo de Clara foi encontrado na quarta-feira (12), na rua Frei Leopoldo, no bairro Ouro Preto, após dias de buscas. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) suspeita que o crime tenha ocorrido no domingo (9), quando a vítima foi à casa de um ex-colega de trabalho para cobrar uma dívida de R$ 400.
Três suspeitos foram presos, mas um deles, Kennedy Marcelo da Conceição Filho, de 34 anos, foi liberado após imagens de câmeras de segurança comprovarem que ele estava no trabalho no momento do crime. Os outros dois, Thiago Schafer Sampaio, de 27 anos, e Lucas Rodrigues Pimentel, de 29 anos, seguem sob custódia.
A motivação do crime: necrofilia e nazismo
Segundo as investigações, Thiago, que morava na casa onde o crime ocorreu, teria matado Clara por ciúmes. Ele havia tentado se aproximar da jovem, mas ela estava em um relacionamento. Na quinta-feira (5), Thiago viu Clara com o namorado e, no dia seguinte, enviou uma mensagem dizendo que devolveria o dinheiro que devia.
Já Lucas, o segundo suspeito, teria participado do crime movido por ódio. Clara o havia repreendido em uma ocasião por fazer declarações nazistas em um bar. Além disso, ele já havia confessado a amigos que tinha “propensão a atos de necrofilia”. A PCMG também investiga a possível apologia ao nazismo por parte de Lucas, que fala alemão fluentemente.
Os detalhes do assassinato
No domingo (9), Thiago enviou uma mensagem para Clara combinando um encontro após o trabalho. Eles se reuniram por volta das 22h45 em um local intermediário, mas Thiago alegou ter esquecido o dinheiro e convenceu a jovem a ir até sua casa para buscá-lo e fumar um cigarro de maconha.
Assim que entraram na residência, por volta das 23h, Clara foi enforcada. Segundo a PCMG, o corpo da jovem ficou na cama de Thiago até a tarde de segunda-feira (10), quando os suspeitos tentaram enterrá-lo. A polícia suspeita de necrofilia, embora Thiago negue ter tocado ou fotografado o corpo. Exames para verificar possível violência sexual foram realizados, e os resultados estão sendo aguardados.
A frieza dos suspeitos
Durante os depoimentos, os investigadores perceberam uma atitude de frieza por parte dos suspeitos. Nenhum deles tinha antecedentes criminais, e ambos trabalhavam em bares. A PCMG destacou que os suspeitos agiram com premeditação e tentaram encobrir o crime.
O desaparecimento e as buscas
Antes de desaparecer, Clara avisou a um amigo que morava com ela que iria à casa de Thiago para cobrar a dívida. Por volta das 22h45, ela enviou uma mensagem dizendo que havia recebido o dinheiro e estava voltando para casa. No entanto, o trajeto, que levaria cerca de 10 minutos, não foi concluído.
O amigo de Clara tentou entrar em contato com ela, mas não obteve resposta. Por volta das 0h08 de segunda-feira, ele recebeu uma mensagem do número de Clara dizendo: “Oi, estou bem. Estou ocupada agora”. A forma como a mensagem foi escrita causou estranhamento, pois era diferente da comunicação habitual entre eles.
Após tentativas frustradas de contato, o amigo registrou um boletim de ocorrência de desaparecimento. Cartazes com fotos de Clara foram espalhados pela cidade, e a polícia iniciou as buscas. O corpo da jovem foi encontrado na casa de Thiago na quarta-feira (12).