Globo é condenada a pagar Suzane Von Richthofen

A Justiça de São Paulo condenou a TV Globo a pagar R$ 10 mil em danos morais a Suzane Von Richthofen após a exibição de um laudo psicológico sigiloso da ex-presidiária no programa Fantástico, em junho de 2018.

O documento, que avaliava se Suzane poderia migrar do regime fechado para o semiaberto, foi divulgado sem autorização judicial, violando a privacidade da condenada pelo assassinato dos pais em 2002.

A decisão, confirmada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em dezembro de 2023, ainda pode ser contestada pela emissora em instâncias superiores.

O laudo em questão apontava que Suzane não representava perigo à sociedade, mas destacava traços de personalidade manipuladora e agressividade camuflada. A defesa da ré alegou que a divulgação do conteúdo, sob sigilo judicial, feriu seus direitos fundamentais.

Suzane von Richthofen x Globo

O desembargador Rui Cascaldi, relator do caso, ressaltou que mesmo figuras envolvidas em crimes graves mantêm direitos à privacidade. Em sua análise, afirmou:

“A divulgação do laudo transborda a mera informação jornalística. A liberdade de imprensa, essencial em um Estado Democrático, não pode anular garantias individuais.”

A Globo argumentou que o conteúdo tinha relevância pública, já que Suzane é uma das criminosas mais notórias do país. A emissora recorreu da primeira condenação em 2020, mas o TJ-SP manteve a decisão, reforçando que o sigilo judicial deve ser respeitado mesmo em casos midiáticos.

• Para Suzane: A vitória judicial simboliza um raro avanço em sua busca por reparação, embora o valor seja considerado simbólico por especialistas. A ex-presidiária cumpre pena em regime semiaberto desde 2023.
• Para a Globo: A emissora informou que recorrerá da decisão, alegando que a divulgação atendia ao interesse público. O caso pode chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Condenada

Condenada a 39 anos de prisão em 2006 pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia, Suzane tornou-se um símbolo de crueldade midiática. O crime, executado com o namorado Daniel Cravinhos e o irmão dele, Cristian, chocou o país pela frieza e planejamento. Desde então, sua imagem oscila entre a vilã midiática e a ré em busca de redenção.