Leishmaniose em Cães: uma doença com mil Formas

Ilustração criada com AI - Canva

A leishmaniose visceral canina é uma doença parasitária que vem se destacando em diversas regiões do Brasil, e Belo Horizonte, a capital mineira, não é exceção.

Transmitida principalmente pela picada do mosquito Lutzomyia longipalpis, a doença pode afetar cães de todas as idades, raças e condições de saúde. A leishmaniose é caracterizada por uma grande diversidade de manifestações clínicas, o que torna seu diagnóstico e manejo desafiadores para os profissionais de saúde veterinária.

Em Belo Horizonte, como em muitas outras cidades do Brasil, a leishmaniose canina apresenta uma prevalência preocupante.

De acordo com estudos epidemiológicos recentes, a capital mineira tem registrado aumento nos casos de cães infectados pelo parasita Leishmania infantum, agente causador da doença. A urbanização crescente, a proximidade de áreas de risco e a mudança climática favorecem a proliferação do mosquito transmissor, contribuindo para a disseminação da doença na cidade.

Dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte revelam que, entre 2020 e 2023, houve uma quantidade crescente de notificações de casos de leishmaniose canina.

Além disso, a presença de cães infectados sem a manifestação de sintomas clínicos reforça a importância de estratégias de controle e prevenção eficazes, não apenas para os animais, mas também para a saúde pública.

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A leishmaniose canina se manifesta de formas variadas, tornando o diagnóstico mais difícil. Os sintomas podem ser agudos ou crônicos e se apresentam em um espectro amplo, com os cães mostrando desde sinais evidentes até casos totalmente assintomáticos. Entre os sintomas mais comuns, destacam-se:

  • Perda de peso e apetite: Os cães podem apresentar uma perda significativa de peso e uma redução no apetite, mesmo com uma alimentação normal.
  • Crescimento das Unhas: Unhas com crescimento anormal e acelerado, é um sinal comum da doença nos cães.
  • Lesões na pele: Úlceras e feridas na pele, especialmente ao redor dos olhos, orelhas e focinho, são frequentemente observadas.
  • Fadiga e apatia: O cão infectado pode se mostrar mais cansado, com pouca disposição para atividades que antes eram prazerosas.
  • Anemia: A redução do número de glóbulos vermelhos pode causar cansaço excessivo, gengivas pálidas e até mesmo sangramentos.
  • Problemas nos órgãos internos: A doença pode afetar rins, fígado e baço, levando a insuficiência renal e outros problemas de saúde graves.

No entanto, em muitos casos, os cães podem estar infectados sem apresentar sintomas. Esses animais assintomáticos, chamados de portadores, ainda assim podem transmitir o parasita ao mosquito, tornando-os uma parte importante na dinâmica epidemiológica da doença. Isso destaca a necessidade de estratégias preventivas eficazes, mesmo para animais que não apresentam sinais clínicos.

Transmissão da leishmaniose

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A transmissão da leishmaniose canina ocorre principalmente por meio da picada do mosquito Lutzomyia longipalpis, também conhecido como mosquito-palha. Esse mosquito se infecta ao picar um cão infectado com o parasita Leishmania infantum. Após a infecção, o mosquito pode transmitir o parasita a outros cães e, em alguns casos, ao ser humano, resultando na leishmaniose visceral, uma doença grave que também pode afetar humanos.

É importante destacar que a transmissão não ocorre diretamente entre cães, ou entre cães e humanos. A única forma de transmissão é por meio do vetor, o mosquito, que desempenha um papel crucial no ciclo de transmissão.

Prevenção da leishmaniose

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A prevenção da leishmaniose canina passa por diversas estratégias, sendo a mais eficaz o controle do vetor, ou seja, o mosquito transmissor. Em Belo Horizonte, assim como em outras cidades, o controle ambiental é essencial, com ações para reduzir a proliferação de mosquitos. No entanto, as medidas diretas de proteção para os cães, como o uso de repelentes e a implementação de barreiras físicas, também são fundamentais.

  • Uso de repelentes: Existem diversos produtos no mercado, como coleiras impregnadas com substâncias repelentes, que ajudam a proteger os cães da picada do mosquito transmissor. Essas coleiras têm mostrado eficácia na prevenção, com durabilidade de até 8 meses, dependendo do produto. Além disso, também existem sprays e pipetas que podem ser aplicados diretamente no animal para afastar o mosquito.
  • Controle ambiental: Reduzir a proliferação de mosquitos é outra medida importante. Isso inclui eliminar focos de água parada, como poças, recipientes e pneus, que são locais ideais para a reprodução dos mosquitos.
  • Ambientes protegidos: Durante os horários de maior atividade do mosquito, geralmente ao amanhecer e ao entardecer, é recomendado que os cães fiquem em ambientes fechados ou protegidos por telas em portas e janelas.

A leishmaniose em cães é uma doença complexa, com diversas formas de manifestação, o que exige uma abordagem integrada para seu controle. Em Belo Horizonte, a prevalência da doença é um desafio para os profissionais de saúde veterinária e para as autoridades de saúde pública. No entanto, com medidas preventivas como o uso de repelentes, vacinação e controle ambiental, é possível reduzir significativamente o risco de transmissão e proteger os cães da leishmaniose. A conscientização da população, somada ao controle do vetor e ao cuidado com os animais, é fundamental para o enfrentamento desta doença.