Uma expressiva mobilização popular marcou a audiência pública sobre o futuro da área do antigo Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte. Integrantes de movimentos por moradia popular lotaram cinco auditórios da Câmara Municipal na tarde desta segunda-feira (16/12), demonstrando o forte interesse da comunidade no projeto de requalificação do espaço.
A reunião, promovida pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana, trouxe importantes definições sobre a destinação das 4.500 unidades habitacionais que serão construídas no local.
O anúncio central da Prefeitura foi a destinação de 70% das moradias, o equivalente a 3.150 unidades, para a população de baixa renda, enquadradas nas categorias HIS1 e HIS2. Os 30% restantes, correspondentes a 1.350 unidades, serão destinados à livre comercialização.
A proposta busca conciliar o atendimento à demanda por habitação social com a viabilidade econômica do empreendimento, como explicou Pedro Maciel, secretário adjunto de Política Urbana. A justificativa para a venda de parte das unidades é a necessidade de gerar recursos para a concretização do projeto, com a promessa de construir “o bairro mais moderno de Belo Horizonte”.
A audiência pública também contou com a presença de representantes do governo federal. Lorhany Ramos de Almeida, superintendente de Patrimônio da União em Minas Gerais, apresentou detalhes do projeto para o novo bairro, que prevê a implantação de equipamentos de uso comercial, misto (residencial e comercial) e institucional.
Entre as benfeitorias planejadas, destacam-se a construção de escolas de ensino infantil e fundamental, um centro de saúde, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), um restaurante popular e o aguardado Museu da Aviação. A superintendente também ressaltou a reabertura do Parque Maria do Socorro, que passou por reformas após um período de dez anos fechado. Lorhany enfatizou o comprometimento do governo federal com a questão da habitação popular, informando que as obras da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) e do centro de saúde já foram iniciadas, com previsão de entrega para 2025.
O vereador Dr. Bruno Pedralva (PT), autor do requerimento da audiência, propôs o agendamento de uma reunião com o Ministério das Cidades, buscando garantir que os critérios de distribuição das unidades habitacionais sejam definidos em Belo Horizonte, com a participação do Conselho Municipal de Habitação e a escuta dos movimentos populares. A proposta visa assegurar a transparência e a legitimidade do processo de alocação das moradias.
O debate sobre a destinação da área do antigo aeroporto se estende por décadas, com diversas manifestações e disputas em torno do espaço. O deputado federal Rogério Correia (PT), nascido no Carlos Prates, celebrou a concretização do projeto após mais de 40 anos de luta pelo fechamento do aeroporto. O parlamentar destacou a localização estratégica do novo bairro e a vitória da comunidade contra projetos anteriores que visavam a construção de prédios e a instalação de indústrias poluentes na região.
Claudius Vinícius Leite Pereira, diretor-presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), reforçou o compromisso da gestão municipal com a habitação de interesse social, destacando que a Prefeitura, em parceria com o governo federal, já garantiu recursos para a construção de 2.813 moradias, com previsão de entrega para 2025. O diretor ainda informou que o bairro Castelo receberá 500 unidades populares. A audiência pública representou um importante passo na concretização do projeto, consolidando a destinação da área para a construção de moradias populares e equipamentos públicos, marcando um novo capítulo na história da região Noroeste de Belo Horizonte.