A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (23), uma operação que mira a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para apurar um esquema de fraudes, corrupção e crimes ambientais em contratos para a limpeza e recuperação da Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais da capital mineira e Patrimônio Cultural da Humanidade.
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados à prefeitura. A investigação foca em acordos que somam cerca de US$ 7,5 milhões (aproximadamente R$ 47 milhões), firmados sem licitação.
“Foi determinado o bloqueio de valores, no montante superior a R$ 440 mil, em nome do servidor público investigado, referente a transações bancárias suspeitas de caracterizarem o pagamento de vantagem indevida, e cumprida notificação de suspensão de suas funções”, diz nota da Polícia Federal.
Em março: BH renova contrato de limpeza da Lagoa da Pampulha sem licitação
O Que a PF Investiga?
A operação apura uma série de crimes, incluindo organização criminosa, fraude à licitação, corrupção e prevaricação. O foco está nos contratos de tratamento da água da lagoa, geridos pela Diretoria de Gestão de Águas Urbanas (DGAU) da PBH.
Além das irregularidades na contratação, a PF também questiona a eficácia da tecnologia utilizada, que combina biorremediação com sequestro de fósforo, e se os resultados prometidos foram de fato entregues.
Um Histórico de Alertas e Custos Milionários
A suspeita sobre os contratos da Pampulha não é nova. Em 2024, uma CPI na Câmara Municipal de Belo Horizonte já havia revelado que os custos com a limpeza saltaram de um contrato inicial de R$ 16 milhões para mais de R$ 60 milhões por meio de aditivos sucessivos, recomendando o indiciamento de 11 pessoas.
Mesmo após os alertas, a PBH renovou novamente o acordo sem licitação em março de 2025, por mais R$ 22,5 milhões, alegando que a empresa contratada possuía “know-how específico”. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) também já havia apontado indícios de ineficiência nos serviços.
O Que Diz a Prefeitura
Até a última atualização desta matéria, a Prefeitura de Belo Horizonte ainda não havia divulgado um posicionamento oficial sobre a operação da Polícia Federal. Em ocasiões anteriores, a gestão defendeu a legalidade dos contratos, alegando a necessidade de conhecimento técnico único para a execução dos serviços.























