O sonho de ver Lucas Paquetá novamente com a camisa do Flamengo é real, e esteve mais perto de acontecer do que a torcida imaginava. Em suas primeiras entrevistas longas após ser absolvido das graves acusações de manipulação de apostas (“spot-fixing”) na Inglaterra, o meia “abriu o coração”. Ele confirmou que negociou um retorno ao Ninho do Urubu em dois momentos e que chegou a ter conversas diretas com o técnico Filipe Luís sobre o projeto.
“Eu tentei muito”, revelou o jogador ao ge e à ESPN, em falas que repercutiram globalmente nesta sexta-feira (14). A declaração de Paquetá confirmou o desejo mútuo, mas também expôs a dura realidade: o negócio não avançou. A “novela”, que parecia ser apenas especulação, era real, mas esbarrou em uma muralha financeira e contratual.
Por que o Retorno de Paquetá é “Quase Impossível” Agora?
Mesmo com a vontade do jogador e o aval de Filipe Luís, a operação para tirar Paquetá da Premier League é, hoje, uma das mais caras do futebol mundial. Dois obstáculos gigantescos travam o Flamengo:
- O Salário “Nível Premier League”: Paquetá tem vencimentos de astro na Inglaterra. Segundo o Capology, seu salário bruto no West Ham é de £ 150 mil por semana, o que equivale a £ 7,8 milhões por ano. Na cotação atual, isso significa um custo anual de mais de R$ 56 milhões, ou R$ 4,6 milhões por mês – mais que o dobro do teto salarial rubro-negro.
- O Preço de Venda (A Absolvição “Atrapalha”): O Flamengo monitorava a situação de Paquetá justamente por causa do processo de apostas. Se ele fosse condenado, seu valor de mercado despencaria, e o Rubro-Negro poderia tentar um “resgate” por um valor baixo. No entanto, a absolvição das acusações principais (ele foi apenas advertido por falhas na cooperação) teve o efeito oposto: recolocou Paquetá na prateleira de elite.
O West Ham, que quase o vendeu ao Manchester City por £ 85 milhões (R$ 612 milhões) antes do escândalo, agora se sente no direito de pedir um valor astronômico novamente. Mas já se planeja um retorno do jogador, que aceitará reduzir seu salário para algo na casa dos R$ 2 milhões.
O Contrato Longo: O West Ham no Controle

Além do dinheiro, há o tempo. Paquetá tem um contrato longo com o West Ham, válido até 30 de junho de 2027, com opção de mais um ano. O clube inglês não tem a menor pressa ou necessidade de vender, muito menos para o Brasil, por um valor abaixo da régua da Premier League.
Análise: Um Sonho para Depois de 2027 no Flamengo
A revelação da conversa entre Paquetá e Filipe Luís empolga a Nação, mas a realidade dos números é fria. A absolvição do jogador, embora ótima para sua carreira, foi péssima para os planos de curto prazo do Flamengo. O West Ham agora tentará vendê-lo caro para um gigante europeu (como o City) na janela de verão de 2026, e não emprestá-lo ao Brasil.
O “não” que frustrou a Nação não foi de Filipe Luís ou do jogador, foi da matemática. Para o Flamengo, o cenário realista de um retorno do “Cria da Gávea” fica adiado. A única janela plausível para esse sonho se concretizar seria após junho de 2027, quando o contrato na Inglaterra estiver no fim e o jogador puder, enfim, forçar uma saída com valores compatíveis com a realidade do futebol brasileiro.
Até lá, a declaração de Paquetá serve como um “recado”: o desejo existe e a porta segue aberta, mas o “timing” financeiro do mercado europeu ainda fala mais alto.