A queda de braço entre Cruzeiro e Flamengo pela contratação de Kaio Jorge atingiu um patamar financeiro inédito no futebol sul-americano. Para tirar o artilheiro da Toca da Raposa, o clube mineiro estabeleceu um preço que não apenas assusta, mas carrega um simbolismo de elite global: € 50 milhões (cerca de R$ 326 milhões).
O valor, tratado como “inegociável” pela diretoria celeste, é exatamente o mesmo montante que o Paris Saint-Germain (PSG) desembolsou em 2023 para pagar a multa rescisória de Ousmane Dembélé e tirá-lo do Barcelona.
A estratégia do Cruzeiro é clara: posicionar seu principal jogador em uma “prateleira Europa”, tornando a operação inviável para o mercado interno, mesmo para um rival com o poderio financeiro do Flamengo. A comparação com a transação de Dembélé serve como um recado de mercado: quem quiser levar o camisa 9 terá que operar com orçamento de Champions League.
Cruzeiro fixa preço de Kaio Jorge em € 50 milhões
A pedida astronômica não é um convite para negociar, mas uma barreira para impedir a saída. O Cruzeiro enxerga Kaio Jorge como o pilar central do projeto para 2026. Protegido por um contrato longo — válido até meados de 2029 — e uma multa rescisória que supera os € 100 milhões, o clube mineiro tem o controle total da situação.
- O Recado: Ao fixar o preço em € 50 milhões, a diretoria sinaliza que não precisa vender para fazer caixa.
- O Status: Kaio foi artilheiro do Brasileirão e da Copa do Brasil em 2025, o que justifica a valorização interna. A mensagem é que o Cruzeiro só aceita perder sua estrela se a compensação for transformadora para a história do clube.
Flamengo oferece € 30 milhões, mas esbarra na “parede” celeste

Do lado do Rio de Janeiro, o desejo é real e o dinheiro também. O Flamengo chegou a sinalizar com uma oferta de € 30 milhões (R$ 196 milhões), valor que já seria o maior da história do futebol brasileiro.
O Rubro-Negro estuda até envolver jogadores, como Everton Cebolinha, para tentar “adoçar” o negócio. No entanto, a distância de € 20 milhões (mais de R$ 130 milhões de diferença) entre o que o Flamengo oferece e o que o Cruzeiro pede transforma a negociação em um cenário de “tudo ou nada”. Sem flexibilidade de Belo Horizonte, o Flamengo corre o risco de ficar falando sozinho.
Análise Moon BH: O Preço da Soberania
Quando o Cruzeiro diz “queremos o preço do Dembélé”, ele não está apenas precificando o Kaio Jorge. Ele está vendendo a ideia de soberania. Para o Flamengo, pagar € 50 milhões seria uma loucura financeira que inflacionaria todo o mercado contra si mesmo.
Para o Cruzeiro, sustentar essa pedida é a prova definitiva de que a fase de “liquidação” acabou. Se o negócio não sair (o que é o mais provável), o Cruzeiro ganha duas vezes: mantém o artilheiro e consolida a narrativa de que é um clube comprador, não vendedor. É a tática do “preço proibitivo” funcionando com perfeição.