A rivalidade entre Cruzeiro e Atlético extrapolou as quatro linhas e chegou aos bastidores da mídia. Nas redes sociais, torcedores da Raposa iniciaram uma forte cobrança ao programa Fantástico, da TV Globo, questionando o “silêncio” da atração sobre a investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que apura a origem de parte do dinheiro usado na constituição da SAF atleticana.
A pressão se baseia na lembrança da dura reportagem exibida pelo mesmo programa em 2019, que expôs irregularidades na gestão do clube celeste na época.
A Investigação que Motiva a Cobrança do Cruzeiro
Desde o dia 17 de outubro, veio à tona uma investigação do MP-SP sobre a origem dos recursos utilizados pelo investidor Daniel Vorcaro para adquirir sua fatia na SAF do Atlético.
A apuração, que corre em segredo de Justiça, foca na suspeita de que parte desse dinheiro possa ter transitado por fundos de investimento (como Olaf 95 e Hans 95) citados em desdobramentos da Operação Carbono Oculto, que investiga esquemas de lavagem de dinheiro ligados ao crime organizado (PCC).
É crucial ressaltar que a investigação, até o momento, não é contra o Atlético, mas sim sobre a origem dos recursos aportados por um de seus sócios. O clube, assim como o Banco Master (ligado a Vorcaro) e a gestora Reag Investimentos, negaram publicamente qualquer conhecimento sobre irregularidades.
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A Memória de 2019 e a Sensação de “Dois Pesos, Duas Medidas”
A cobrança dos cruzeirenses se ampara na memória da reportagem exibida pelo Fantástico em maio de 2019. Na ocasião, um dossiê com denúncias sobre a gestão do Cruzeiro ganhou o horário nobre e teve um impacto devastador, gerando desdobramentos policiais e contribuindo para a crise que culminou no rebaixamento do clube.
Agora, diante de uma investigação que tangencia o rival e envolve alegações tão graves, parte da torcida celeste sente que há uma demora ou um “silêncio” por parte do programa, gerando a campanha “Cadê o Fantástico?” nas redes sociais.
Análise: Rivalidade, Fatos e o Tempo da Mídia
A cobrança da torcida do Cruzeiro é compreensível sob a ótica da rivalidade e da memória recente. O impacto da reportagem de 2019 foi inegável. No entanto, o caso atual envolvendo a SAF do Atlético possui camadas complexas, envolvendo o mercado financeiro e um inquérito sigiloso que ainda não resultou em denúncia formal ou decisão judicial contra o clube.
Grandes veículos de comunicação, como o Fantástico, costumam aguardar avanços concretos na investigação (como denúncias formais, bloqueios judiciais ou sentenças) antes de produzir e veicular reportagens de fôlego sobre temas tão sensíveis.
A pressão da torcida é legítima, mas o tempo da apuração jornalística e o tempo da Justiça nem sempre coincidem com o tempo da paixão clubística. Por enquanto, resta separar a rivalidade dos fatos: a investigação existe, mira a origem do dinheiro, e o Atlético, até prova em contrário, não é réu no processo.