A diretoria do Cruzeiro tratou publicamente do tema que mais gera ansiedade na torcida: a venda de seus principais jogadores. Em um podcast da TV oficial do clube, o gerente de scouting, Joaquim Pinto, foi direto e afirmou que, para os clubes brasileiros, vender atletas “é inevitável” para sustentar a saúde financeira.
A fala, que acendeu o alerta, foi rapidamente contextualizada pelo dono da SAF, Pedro Lourenço, que, por sua vez, “esfriou” as especulações sobre uma saída imediata do artilheiro Kaio Jorge, citando seu contrato longo como uma “blindagem”.
A necessidade de vender para ‘sustentar a máquina’
A declaração de Joaquim Pinto é um raro exercício de transparência sobre a realidade do futebol no Brasil. “É inevitável. Os clubes brasileiros sempre precisarão vender para sustentar a máquina”, disse o gerente. A fala reconhece que, mesmo em um clube com um forte investidor, a receita gerada por transferências é uma parte estrutural do modelo de negócio, fundamental para viabilizar o caixa, pagar as contas e permitir a contratação de novos reforços.
Na prática, é a admissão de uma gestão de portfólio: vender jogadores no pico de sua valorização para poder reinvestir, sem, no entanto, desmontar a espinha dorsal do time.
O caso Kaio Jorge e a posição da SAF
Naturalmente, o ativo mais “líquido” e cobiçado do elenco do Cruzeiro é o artilheiro do Brasileirão, Kaio Jorge. Nas últimas semanas, a imprensa europeia noticiou o interesse de clubes como o West Ham e o Bayer Leverkusen, da Alemanha, no camisa 19.
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No entanto, o dono da SAF, Pedro Lourenço, agiu para tranquilizar a torcida. Ao ser questionado sobre o assédio, ele foi firme: “Estamos tranquilos, ele tem contrato até 2029”, reforçando que o clube tem total controle da situação. A isso, se soma a vontade do próprio jogador, que já declarou publicamente o desejo de permanecer em Belo Horizonte para buscar uma vaga na Seleção Brasileira.
Análise
A aparente contradição entre as falas dos gestores do Cruzeiro é, na verdade, a essência da gestão moderna no futebol. A frase de Joaquim Pinto (“é inevitável vender”) não é um sinal de rendição, mas de pragmatismo. A de Pedrinho (“contrato até 2029”) não é uma promessa de que o jogador é invendável, mas uma demonstração de força na mesa de negociação.
O clube acerta ao sinalizar ao mercado que não há “faixa de liquidação” e que ninguém é inegociável, desde que a proposta (valor, bônus e timing) faça sentido para o projeto. Vender Kaio Jorge agora só faria sentido se chegasse uma oferta de nível “Champions League”, pois, esportivamente, o atacante é o pilar de um time que briga por títulos e manchetes.