O recado foi claro e direto para todo o elenco: na “era Sampaoli 2.0”, ninguém tem cadeira cativa — nem mesmo o ídolo Hulk. Em sua coletiva de apresentação no último sábado (6), o novo técnico do Atlético, Jorge Sampaoli, detalhou seu plano para a maratona de jogos de setembro e cravou a filosofia que guiará seu trabalho: a rotação de jogadores será total e constante.
A declaração, que dominou o noticiário, é a primeira resposta do argentino à polêmica sobre como ele utilizaria o camisa 7, ídolo máximo do clube. A estratégia, segundo Sampaoli, não é de confronto, mas de otimização.
O Plano para Hulk: Qualidade sobre Quantidade
Sampaoli fez questão de afastar qualquer ruído sobre um possível atrito com Hulk. O plano do técnico não é diminuir a importância do craque, mas sim “otimizar sua capacidade”. Aos 39 anos, o atacante será gerenciado para entregar picos de performance nos momentos mais importantes, em vez de ser submetido a um desgaste de 90 minutos a cada três dias.
“Veremos jogo a jogo. Não só para Hulk, mas também para o resto dos jogadores, vai haver muita rotação. Jogos a cada três dias faz a intensidade cair, então preferimos sempre ter jogadores frescos a cada partida. Mas isso é do momento”, disse Sampaoli.
A ideia é ter o melhor de Hulk, seja iniciando os jogos para abrir o placar, seja entrando no segundo tempo para decidir contra defesas cansadas, mas sempre com a máxima intensidade que o seu modelo de jogo exige.
A Justificativa: A Maratona Infernal de Setembro
A filosofia da “rotação total” se justifica pelo calendário brutal que o Atlético tem pela frente. A equipe encara uma sequência de duas “finais” em um intervalo de apenas três dias:
- Quinta-feira (11/09): O clássico de volta contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil, onde precisa de uma virada histórica.
- Domingo (14/09): Um confronto direto contra o Santos pelo Brasileirão, crucial para se afastar da parte de baixo da tabela.
Para Sampaoli, é impossível manter a alta intensidade que seu estilo de jogo cobra sem rodar o elenco em uma sequência como essa.
Análise: A Gestão Inteligente que Pacifica o Ambiente
A primeira fala de Sampaoli como técnico do Galo foi uma aula de gestão. Ele atacou de frente o tema mais espinhoso — sua relação com Hulk — e o transformou em um argumento técnico irrefutável. Em vez de criar um conflito, ele apresentou uma solução lógica e moderna para proteger e extrair o melhor de seu principal jogador.
A “rotação” deixa de ser uma ameaça ao status de Hulk e se torna uma estratégia para mantê-lo decisivo. Ao mesmo tempo, Sampaoli empodera o resto do elenco com a mensagem da meritocracia, pacificando o vestiário e já estabelecendo sua autoridade. Foi a primeira e, talvez, a mais importante vitória do argentino em seu retorno ao clube.