(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Minas Gerais está prestes a ganhar um novo sotaque em 2025: o mineirês das prateleiras cheias e caixas movimentados e Pedrinho, dono do Cruzeiro e do Supermercados BH, está envolvido neste negócio, que deve movimentar mais de R$ 1 bilhão.
A previsão da Associação Mineira de Supermercados (Amis) é de que o estado receba 80 novas lojas do setor, com investimentos de R$ 1,2 bilhão até dezembro e a criação de 8.400 empregos.
Os números, divulgados nesta quinta-feira (6), refletem não apenas a força do varejo alimentar, mas também os desafios de um mercado em transformação — onde a falta de mão de obra qualificada se tornou um obstáculo tão grande quanto as prateleiras a abastecer.
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Se em 2024 foram inauguradas 88 unidades — 78 delas focadas em atacarejo (atacado para consumidor final) e supermercados de vizinhança —, a tendência se mantém para 2025. Segundo Antônio Claret Nametala, presidente-executivo da Amis, o modelo de lojas compactas e próximas ao consumidor virou a aposta para conquistar bairros e cidades menores.
“Até redes grandes, como Supermercados BH e EPA, estão aderindo a formatos menores. É a volta do ‘empório de bairro’, mas com a eficiência das grandes marcas”, explica.
A estratégia, porém, esbarra em um problema crônico: a dificuldade de contratar. “Todos os setores estão sentindo, das prateleiras aos escritórios. Em 2024, foi um desafio, e em 2025 não será diferente. Mas estamos investindo em treinamento e retenção de talentos”, destaca Claret. Ainda assim, a expectativa é que os novos postos atraiam principalmente jovens em busca de primeira oportunidade e profissionais em transição de carreira.
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Enquanto novas lojas surgem, o mercado vive uma onda de fusões e aquisições. O Supermercados BH, por exemplo, engoliu 54 unidades do tradicional Bretas em Minas e expandiu para o Espírito Santo com a compra de lojas do Grupo Canguru. Já o Dia, que fechou as portas em Belo Horizonte, teve parte de suas unidades convertidas para a bandeira Meu Prata.
O estado é o segundo maior polo varejista do Brasil, atrás apenas de São Paulo, e responde por 10% do PIB nacional. A expansão dos supermercados reflete não apenas o poder de consumo local, mas também a reorganização logística pós-Covid. Com o aumento do trabalho híbrido, bairros residenciais e cidades do interior ganharam relevância — daí o foco em lojas de vizinhança.
Outro fator é a busca por eficiência: formatos menores reduzem custos operacionais e permitem preços competitivos, essenciais em um estado onde 30% da população vive com até um salário mínimo, segundo o IBGE.
O modelo, que combina preços de atacado com a praticidade do varejo, explodiu no Brasil durante a pandemia e se consolidou como preferência para famílias e pequenos comerciantes. Em Minas, redes como Atacadão e Assaí já dominam cidades como Uberlândia e Juiz de Fora, enquanto o Supermercados BH testa versões compactas em Belo Horizonte.
Enquanto Minas Gerais expande, o Brasil vive um paradoxo: a concentração de mercado nas mãos de grupos como Carrefour (dono do Grupo Big) e Grupo CBD (dono do Pão de Açúcar) contrasta com a resistência de redes regionais.
Em 2024, o país registrou 3.200 fechamentos de pequenos estabelecimentos, segundo a ABRAS. Ainda assim, casos como o do Mercado Prata (que resgatou lojas do Dia em BH) mostram que, com estratégia local e agilidade, até os menores players podem virar peças-chave no tabuleiro do varejo.
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