O encontro em Xangai entre o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, e a presidente do Banco dos Brics (NDB), Dilma Rousseff, abriu uma porta de R$ 1 bilhão para o projeto do Novo Anel Rodoviário. O anúncio é uma vitória política inegável e um passo fundamental para a maior obra de infraestrutura da cidade nas últimas décadas.
Contudo, a análise dos trâmites de um financiamento multilateral mostra que a parte mais difícil começa agora: transformar o sinal verde político em um projeto tecnicamente aprovado e, finalmente, em dinheiro na conta.
A Análise do Processo: O Longo Caminho do Dinheiro
O “sim” de Dilma e do NDB não significa que o recurso está disponível imediatamente. Este é o ponto de partida de um processo rigoroso, padrão em bancos de desenvolvimento:
- Estruturação do Pedido: A PBH precisa agora apresentar o projeto executivo completo, com cronogramas, garantias e salvaguardas socioambientais.
- Due Diligence do Banco: O corpo técnico do NDB fará uma análise aprofundada (a “due diligence”) para validar a viabilidade técnica, financeira e ambiental do projeto.
- Aprovação Final: Somente após essa validação, o projeto é levado aos comitês e à diretoria do banco para a aprovação final e assinatura do contrato. Os desembolsos ocorrem por etapas, conforme o andamento das obras.
O Contexto: Por que o Banco dos Brics?
A escolha do NDB não foi por acaso. Presidido por Dilma Rousseff desde 2023, o banco tem ampliado sua carteira de investimentos no Brasil, com foco especial em infraestrutura urbana. A operação se encaixa perfeitamente na estratégia da instituição.
Este financiamento de R$ 1 bilhão representa a “segunda perna” do financiamento do Novo Anel, complementando os R$ 120 milhões já anunciados pelo governo federal quando a via foi municipalizada.
Encontro Damião-Dilma
O encontro Damião-Dilma foi o passo político mais importante para tirar o Novo Anel do papel. Ele move o projeto da esfera das promessas locais para a de uma operação com respaldo financeiro internacional.
O grande teste para a gestão da PBH, agora, será sua capacidade técnica. A equipe da prefeitura precisará entregar um projeto robusto, que atenda às exigentes normas de um banco multilateral. O aperto de mão em Xangai garantiu a manchete; a qualidade do trabalho burocrático em Belo Horizonte é que vai garantir o canteiro de obras.























