Como Aécio e Pimentel barraram aluguel do Palácio da Liberdade, e Zema recua

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Em um gesto político raro e de enorme peso simbólico, os ex-governadores e históricos rivais Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) se uniram em uma carta aberta contra a decisão do governo de Romeu Zema (Novo) de liberar o Palácio da Liberdade para o aluguel de eventos privados.

A pressão, que também contou com as assinaturas de Antonio Anastasia e Eduardo Azeredo, foi imediata e avassaladora: poucas horas após a divulgação do manifesto, o governo de Minas Gerais revogou a norma que permitia a locação do espaço histórico.

A polêmica: o palácio como ‘salão de festas’

A controvérsia começou na última semana, quando reportagens revelaram uma portaria do governo estadual que criava uma tabela de preços para o aluguel de ambientes do Palácio da Liberdade. Salões, jardins e o hall principal poderiam ser locados para eventos como casamentos e coquetéis corporativos, com valores que chegavam a R$ 60 mil.

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A justificativa do governo era a de buscar sustentabilidade financeira para a manutenção do prédio, mas a medida foi duramente criticada por descaracterizar um patrimônio público.

A união dos rivais históricos

A “gota d’água” foi a carta assinada pelos quatro ex-governadores. O documento classificava a medida como uma “deturpação da função pública” do edifício e afirmava que o aluguel para festas não tinha “qualquer traço de interesse público”.

A convergência entre Aécio e Pimentel — adversários que representam os dois polos que dominaram a política mineira nas últimas décadas — deu um enorme lastro político ao movimento e elevou o custo de manutenção da medida para o governo Zema.

União de ex-governadores pressionou Zema

O episódio mostrou que, em Minas Gerais, símbolos históricos e culturais importam. Quando Aécio Neves e Fernando Pimentel, adversários ferrenhos, deixam as diferenças de lado para defender o Palácio da Liberdade, o recado para o governo é claro: há certos patrimônios que não entram na ponta do lápis de uma planilha de aluguel.

Politicamente, Zema testou um limite e, de forma inteligente, recuou rapidamente ao perceber o tamanho do desgaste. Para a sociedade, a vitória abre uma janela importante para se discutir o uso público e qualificado de seus espaços históricos — com foco em acervo, visitação e agenda educativa, sem transformar o palácio em um mero “venue” de luxo.