O projeto de lei da vereadora Flávia Borja (DC), aprovado em primeiro turno na Câmara de Belo Horizonte, permite que entidades esportivas usem o sexo biológico como critério para definir a participação de atletas em competições.
A proposta, segundo a autora, visa proteger mulheres cisgênero de competirem com mulheres trans, alegando que diferenças físicas gerariam “injustiça” e “crueldade” no esporte.
No entanto, a medida pode ter consequências além das quadras e campos. Em 2027, o Brasil será sede da Copa do Mundo Feminina, e Belo Horizonte é uma das cidades sedes que vai receber jogos. A aprovação do projeto pode manchar a imagem da capital mineira, especialmente porque a competição é conhecida por sua inclusão e diversidade.
Se tornaria um verdadeiro desastre para a imagem da capital e poderia atrapalhar eventuais candidaturas a receber grandes eventos internacionais.
Copa do Mundo Feminina terá jogadora trans
Em 2023 a canadense Quinn se tornou a primeira jogadora de futebol trans a participar de uma Copa do Mundo e segundo as perspectivas, deve disputar o torneio em Belo Horizonte. Por si só o fato deverá trazer uma cobertura negativa para a capital de Minas Gerais.
A Copa do Mundo Feminina tem se destacado como um exemplo de combate ao preconceito e ao machismo no esporte. Em 2023, a competição contou com 87 atletas assumidamente LGBTQI+, quase o dobro das 38 que participaram em 2019. A meio-campista Quinn foi uma das estrelas do torneio em 2023.
Risco de Publicidade Negativa
A possível aprovação do projeto não só pode afastar a candidatura de BH para a Copa do Mundo Feminina, mas também prejudicar outras ambições da cidade no cenário internacional. Durante a campanha eleitoral de 2022, candidatos prometeram colocar Belo Horizonte no mapa dos grandes eventos, como os Jogos Pan-Americanos. No entanto, a polêmica gerada pelo projeto pode minar essas iniciativas.
Grandes eventos internacionais são altamente dependentes de patrocínios e apoio de marcas multinacionais, que costumam evitar associações com polêmicas que possam afetar sua imagem. Uma lei considerada discriminatória pode afastar investidores e manchar a reputação de BH como uma cidade acolhedora e progressista.
Votação Tensa e Protestos
A sessão que aprovou o projeto em primeiro turno foi marcada por protestos de movimentos LGBTQI+, que ocuparam as galerias da Câmara para expressar repúdio à proposta.
Apesar dos tumultos, o projeto foi aprovado com 25 votos a favor, 11 contra e 4 abstenções. Agora, ele segue para o segundo turno de votação, onde deve enfrentar ainda mais resistência de ativistas e defensores dos direitos LGBTQI+.
Olhar internacional
Enquanto o projeto avança na Câmara, a pressão sobre os vereadores tende a aumentar. Além dos protestos locais, a proposta pode atrair atenção internacional, especialmente de organizações de direitos humanos e entidades esportivas durante a Copa do Mundo Feminina em BH.
Para Belo Horizonte, a decisão final pode significar a diferença entre se consolidar como uma cidade global e inclusiva ou ser lembrada como um exemplo de exclusão e discriminação.