A negociação entre Santos e Atlético Nacional pelo atacante Alfredo Morelos ganhou um novo capítulo que mistura oportunidade de mercado e engenharia financeira. O clube colombiano, satisfeito com o desempenho do jogador em 2025, quer a compra definitiva, mas a diretoria santista impôs uma condição que muda a matemática do negócio: para sair, o atacante precisa “perdoar” valores atrasados.
O Santos trabalha com um cenário duplo: quer receber cerca de R$ 10 milhões (aprox. US$ 2 milhões) “limpos” pela transferência e, crucialmente, exige que Morelos abra mão de uma dívida estimada também em US$ 2 milhões (cerca de R$ 11 a 12 milhões na cotação atual).
Santos recusa primeira oferta do Atlético Nacional e fixa preço por Morelos
O interesse do Atlético Nacional é concreto, mas o primeiro valor colocado na mesa foi recusado pela cúpula do Peixe. O clube colombiano tentou uma aproximação inicial na casa dos US$ 2 milhões pela compra de parte dos direitos, valor considerado baixo para um ativo que tem contrato longo e status de titular na equipe de Medellín. O Santos, dono de 100% dos direitos econômicos, entende que o jogador se valorizou após uma temporada de destaque na Colômbia e não tem pressa para vender “a qualquer custo”, a menos que a operação resolva também o passivo financeiro que o clube tem com o atleta.
A “chave” do negócio: Morelos precisa perdoar dívida de US$ 2 milhões com o Peixe
O grande entrave — e ao mesmo tempo a solução — está na dívida acumulada. O Santos tenta estruturar a saída de Morelos como uma operação de “limpeza de gaveta” para 2026:
- Entrada de Caixa: Receber o valor da venda à vista ou parcelado.
- Alívio de Passivo: Zerar a dívida de US$ 2 milhões em salários/luvas atrasados sem precisar tirar dinheiro do cofre. Na prática, o Santos diz ao jogador: “Nós te liberamos para onde você quer ficar, mas você deixa para trás o que te devemos”. Se Morelos não aceitar o perdão da dívida, o Santos tende a exigir um valor de transferência muito maior do Atlético Nacional para cobrir o prejuízo.
Contrato longo e números de Morelos na Colômbia jogam a favor do Santos

Diferente de outros casos onde o clube precisa se livrar do jogador desesperadamente, o Santos tem a segurança do contrato. Morelos tem vínculo na Vila Belmiro até o fim de 2026.
Além disso, seus números no empréstimo justificam a pedida alta: foram 12 gols e 8 assistências em 33 jogos na temporada, retomando o prestígio que havia perdido no Brasil. Se a venda não acontecer, o Peixe ainda tem a opção de reintegrá-lo ao elenco para suprir a carência de um camisa 9, o que dá à diretoria santista poder de barganha para manter a exigência financeira lá no alto.
Análise Moon BH: A Jogada de Mestre (ou de Risco)
O Santos tenta uma jogada de “soma zero” com lucro. Ao condicionar a venda ao perdão da dívida, o clube tenta resolver dois problemas com uma assinatura só. Para o Atlético Nacional, o desafio é convencer Morelos de que vale a pena perder dinheiro passado para garantir um contrato longo e estabilidade na Colômbia. Para Morelos, é uma decisão cruel: abrir mão de milhões de reais ou voltar para um clube (Santos) onde ele é uma incógnita e terá que brigar por espaço? O Santos está com a faca e o queijo na mão, mas precisa cuidar para não inviabilizar o negócio e ficar com o jogador “insatisfeito” e a dívida crescendo em 2026.