A contratação de Facundo Torres pelo Palmeiras, um investimento recorde de até US$ 14 milhões, completará um ano em dezembro, e com ela ressurge um dilema na diretoria alviverde: é hora de vender o uruguaio na próxima janela ou vale a pena segurá-lo, apostando em uma valorização futura?
A análise do cenário envolve a performance oscilante do jogador, o alto custo de aquisição e a complexa matemática para, no mínimo, “empatar” o investimento.
O Preço Mínimo para Sair no Zero a Zero
Qualquer decisão sobre o futuro de Torres passa por uma conta crucial: quanto o Palmeiras precisa receber para não ter prejuízo? O cálculo não é simples:
- Custo: US$ 14 milhões.
- Retenções: O Orlando City tem 20% de uma futura venda (sell-on), e a FIFA retém até 5% para clubes formadores (solidariedade). Na prática, o Palmeiras fica com cerca de 75% do valor total da venda.
- O Ponto de Equilíbrio (Break-Even): Para que 75% da venda cubram os US$ 14 milhões investidos, o preço total da transferência precisa ser de, no mínimo, US$ 18,7 milhões.
Vender por menos que isso significa prejuízo financeiro direto, sem contar salários e outros custos.
O Dilema Esportivo: Performance vs. Potencial
O que torna a decisão difícil é a performance de Facundo Torres em 2025. Contratado com status de estrela da MLS, ele alternou grandes momentos com períodos de baixa, chegando a perder espaço no time titular. Vender agora seria capitalizar sobre o interesse que ainda existe, mas talvez antes de o jogador atingir seu pico no clube.

Segurá-lo para 2026 é uma aposta: se ele “explodir” e tiver um ano de 20+ participações em gols, seu valor pode superar os US$ 25 milhões. Se continuar oscilando, seu preço tende a cair com a idade (ele fará 26 anos em 2026).
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E a Vitrine Internacional para o Palmeiras?
O calendário de torneios globais não ajuda a valorização imediata. O Mundial de Clubes de 2025 já passou, e o próximo no formato quadrienal é só em 2029. A Copa Intercontinental anual exige que o Palmeiras vença a Libertadores para participar. Ou seja, a principal vitrine para Torres será o próprio desempenho no Brasileirão e na Libertadores 2026.
Veredito: Segurar (com Metas Claras) é o Caminho Mais Lógico
A análise sugere que a venda imediata, embora financeiramente segura (se atingir o break-even), seria precipitada. O caminho mais estratégico para o Palmeiras parece ser:
- Segurar até meados de 2026: Dar ao jogador a pré-temporada completa e o primeiro semestre para se firmar como protagonista.
- Definir um Preço-Alvo Claro: Se ele corresponder, buscar uma venda na janela de verão europeia (junho-agosto de 2026) por um valor na casa de US$ 22-25 milhões, incluindo bônus e, idealmente, um percentual de revenda.
- Ter um Plano B: Se o desempenho não decolar, reavaliar e aceitar uma proposta que minimize o prejuízo, mas sem desespero, dado o contrato longo (até 2029).
O Palmeiras tem tempo e opções internas (Sosa, Felipe Anderson, Khellven/Giay avançados) para não ser refém do mercado. Segurar Facundo Torres por mais alguns meses parece a aposta mais inteligente para maximizar o retorno de seu investimento recorde.