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Grêmio tem aposta de alto risco em Arthur. São até R$ 36 milhões

Em meio a uma crise desportiva e a luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o Grêmio fez uma aposta de altíssimo risco para tentar salvar sua temporada: o retorno do ídolo Arthur Melo. A contratação, no entanto, veio acompanhada de um pacote financeiro sem precedentes, que estabeleceu o volante como o dono do maior salário da história do clube.

Agora, a pergunta que ecoa na Arena é: a performance de Arthur em campo justifica um investimento tão pesado?

Os números da controvérsia: um salário de R$ 3 milhões

O retorno de Arthur ao Grêmio em agosto redefiniu os padrões financeiros do clube. Seus vencimentos impressionam:

  • Salário Fixo: R$ 1,6 milhão por mês, colocando-o à frente de outras estrelas do elenco, como o dinamarquês Braithwaite (R$ 1,5 milhão) e o colombiano Cuéllar (R$ 1,3 milhão).
  • Bônus por Metas: Cláusulas de desempenho podem elevar sua remuneração total para até R$ 3 milhões mensais. O valor chegaria a R$ 36 milhões por ano.

Para viabilizar a operação, Arthur aceitou reduzir parte de seu salário na Juventus (cerca de R$ 3,2 milhões/mês), e o clube italiano ainda ajuda a cobrir uma parcela dos custos do empréstimo, que vai até junho de 2026.

A justificativa esportiva para o investimento

A diretoria do Grêmio defende a contratação como uma necessidade técnica e estratégica. Arthur é visto como o “cérebro” que faltava ao meio-campo do técnico Renato Portaluppi, o jogador capaz de organizar a saída de bola e dar o controle tático que o time precisa.

Sua experiência no Barcelona e na Juventus e, principalmente, seu protagonismo no título da Libertadores de 2017 são os trunfos que justificariam a aposta. Além disso, em um momento de crise, o retorno de um ídolo serve para reconectar o time com a torcida e impulsionar o marketing do clube.

Os riscos em campo: performance vs. expectativa

Apesar da qualidade técnica inquestionável, o desempenho de Arthur desde seu retorno ainda gera debate. Em cinco partidas, ele soma uma assistência e mantém uma alta precisão de passes (85%), mas seu histórico recente de lesões na Europa e a nítida falta de ritmo levantam dúvidas.

Contra times mais intensos, como Flamengo e Palmeiras, ele demonstrou dificuldades em acompanhar as transições defensivas. Críticos apontam que o descompasso físico pode ser um obstáculo para que ele seja a peça central que o time precisa para escapar do rebaixamento.

Análise: uma aposta calculada ou um tiro no escuro?

O caso Arthur sintetiza o dilema do Grêmio. A contratação traz uma qualidade técnica incomparável ao elenco e um enorme potencial de marketing. Por outro lado, o salário desequilibra a folha de pagamento e o risco físico do jogador coloca uma pressão imediata por resultados que ele talvez não consiga entregar.

Se Arthur recuperar o auge da forma de 2017, a aposta será uma das mais astutas da década. Se as lesões e a falta de ritmo persistirem, o alto investimento pode comprometer ainda mais as já delicadas finanças do clube. O veredito final será dado pelo gramado — e pela posição do Tricolor na tabela ao final do campeonato.

Marcos Amaral
Marcos Amaral
Jornalista formado pela Estácio de Sá, cobre futebol por paixão e profissão. Jogador amador, é especialista na cobertura do Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético, Grêmio e Corinthians. Há mais de anos acompanha de perto o futebol nacional.