O Flamengo voltou ao ataque no mercado europeu por um “sonho” antigo. A diretoria rubro-negra, comandada por José Boto, reabriu as conversas pela contratação do centroavante argentino Lucas Beltrán, da Fiorentina, visando a janela de transferências de janeiro de 2026. As sondagens iniciais, que ocorreram no meio do ano, não avançaram, mas o clube carioca prepara uma nova investida.
O negócio, no entanto, é complexo e caro. A Fiorentina não pretende facilitar a saída de seu camisa 9 e já sinalizou que a conversa só começa em patamares milionários.
O “Preço de Serie A”: Por que a Negociação é Tão Cara?
A Fiorentina fez um investimento alto para tirar Beltrán do River Plate em 2023 e não está disposta a ter prejuízo. O clube italiano vê o jogador como um ativo importante e só aceita negociar por valores que compensem a perda técnica.
A “régua” de preço para tirar o argentino da Itália é clara: a Fiorentina quer ouvir propostas na faixa de € 18 milhões a € 22 milhões (aproximadamente R$ 112 milhões a R$ 138 milhões na cotação atual), sem contar os bônus por performance. É uma operação de altíssimo calibre financeiro.
A Engenharia Financeira: Como o Flamengo Pode Pagar?
Diante das cifras, o Flamengo estuda dois modelos de negócio principais para viabilizar a contratação sem “explodir” o caixa imediatamente:
- Compra com Bônus (O Modelo Padrão): Este é o caminho mais provável. O Rubro-Negro apresentaria uma oferta com um valor fixo um pouco abaixo da pedida (ex: € 18 milhões), mas “turbinada” com bônus robustos por metas (número de jogos, gols, títulos) e, crucialmente, oferecendo à Fiorentina a manutenção de 10% a 20% de uma futura revenda (“sell-on”).
- Empréstimo com Obrigação (O Modelo Cauteloso): Uma alternativa que agrada ao fluxo de caixa do Flamengo. O clube pagaria uma taxa de empréstimo elevada por 12 ou 18 meses e assumiria o salário. A obrigação de compra (pelos € 20-22 milhões) só seria ativada se Beltrán atingisse metas claras, como 70% dos jogos. Isso dilui o risco imediato.
O Encaixe Tático: Beltrán + Pedro Funciona?

A grande questão tática é: por que investir tanto em outro centroavante se o time já tem Pedro? A resposta está no calendário e na estratégia de Filipe Luís. A temporada de 2026, com o novo Mundial de Clubes, exigirá um elenco de elite com duas peças de alto nível para cada posição.
A recente lesão de Pedro, que o tirou da semifinal da Libertadores, provou que o time precisa de um “seguro” à altura. Beltrán (um 9 de pressão e ataque ao primeiro pau) e Pedro (um 9 de pivô e finalização clássica) não são excludentes. Eles podem se revezar para manter o time em nível máximo o ano todo ou até mesmo atuar juntos em cenários específicos que exijam pressão alta e presença de área.
Análise: A Janela de Janeiro é a Chave
A negociação reabrir agora faz todo sentido. A janela brasileira (5 de janeiro a 3 de março) permite que Beltrán chegue a tempo de fazer a pré-temporada e se adapte para o início da Libertadores. O Flamengo tem o poderio financeiro e o projeto esportivo para seduzir o jogador.
A bola está com a Fiorentina. Se o clube italiano aceitar a engenharia de bônus e percentual de revenda proposta por José Boto, a novela, que esfriou no meio do ano, tem tudo para “estourar” com uma conclusão positiva antes mesmo do Carnaval.