O Flamengo enfrenta o São Paulo nesta quarta-feira (5), às 21h30, com um problema gigantesco e uma solução de luxo. O problema: o time está sem seus dois principais finalizadores, Pedro (lesionado) e Bruno Henrique (suspenso). A solução: os meias Jorge Carrascal e Everton Cebolinha estão recuperados, viajaram e ficam à disposição de Filipe Luís.
O resultado é um quebra-cabeça tático fascinante. Sem um “9” de ofício, o técnico rubro-negro pode montar um time com um nível de criatividade absurdo, apostando em quatro dos jogadores mais técnicos do elenco – De la Cruz, Arrascaeta, Carrascal e Samuel Lino (ou Cebolinha) – atuando juntos. A partida, que acontece na Vila Belmiro por conta de eventos no Morumbi, virou um laboratório para um Flamengo ainda mais “europeu”.
O Ponto de Partida: O Tripé Intocável
Mesmo com os retornos, a base do time de Filipe Luís está consolidada. O Flamengo deve começar com seu tripé de meio-campo padrão, que oferece equilíbrio e dita o ritmo do jogo:
- Erick Pulgar (O Ponto Fixo): Atua como o “camisa 5”, protegendo a zaga e iniciando a construção das jogadas.
- De la Cruz (O Motor): É o “box-to-box” da equipe. Sua função é pressionar o adversário no campo de ataque, recuperar a bola e conduzi-la em velocidade para quebrar as linhas.
- Arrascaeta (O Cérebro): Tem a liberdade de flutuar entre as linhas, seja partindo da meia-esquerda ou centralizado, como o “10” clássico, responsável pelo último passe e pela bola parada.
O “Plano B” que Vira “Plano A”: As Novas Variações
A ausência de Pedro e BH força o time a abandonar o “pivô” e apostar na mobilidade. É aqui que os retornos de Carrascal e Cebolinha se tornam cruciais, oferecendo diferentes “rotas de gol” ao técnico.
Variação 1: O “Losango” com Carrascal Filipe Luís já indicou que vê Carrascal como um “meia agressivo”, que joga próximo ao gol. Ele pode entrar como um “interior” (meia-esquerda), formando um losango com Pulgar na base, De la Cruz na direita e Arrascaeta na ponta do losango, atrás do atacante (provavelmente Samuel Lino). Esse desenho cria uma superioridade numérica no centro do campo, ideal para “amassar” um adversário que joga em bloco baixo, permitindo que Arrascaeta e Carrascal ataquem a área.

Variação 2: O Retorno da “Amplitude” com Cebolinha A volta de Everton Cebolinha (mesmo que para o segundo tempo) permite ao time “esticar” o campo. Ele abre o jogo na ponta esquerda, forçando a linha defensiva do São Paulo a se alargar. Isso cria o cenário favorito de Arrascaeta e De la Cruz: o espaço no “cutback” (o passe para trás na entrada da área) para que eles cheguem finalizando de frente.
Quem Será o “Homem-Gol” do Flamengo contra o São Paulo?
Sem um centroavante fixo, a responsabilidade de finalizar será distribuída. Samuel Lino, o investimento mais caro do clube, deve atuar como a “referência móvel”, usando sua velocidade para atacar o primeiro pau e criar diagonais. Ele será auxiliado pelas infiltrações constantes de Arrascaeta e De la Cruz, além dos chutes de média distância de Luiz Araújo.
Análise: Da Potência à Mobilidade
A partida de hoje testa a capacidade de adaptação do Flamengo. O time perde a força física e a referência na área, mas ganha em imprevisibilidade, toque de bola e rotação. Filipe Luís agora tem um “cardápio de luxo” para escalar: pode começar com um time de controle (o tripé clássico) e acionar Carrascal no segundo tempo para aumentar a posse de bola, ou usar Cebolinha para “incendiar” o jogo com velocidade.
Em um campo de dimensões reduzidas como o da Vila Belmiro, a habilidade de trocar passes curtos, encontrar espaços mínimos e finalizar de média distância (chutes de Arrascaeta, De la Cruz e Luiz Araújo) pode ser mais valiosa do que o “chuveirinho” para um centroavante fixo. O Flamengo vai a campo sem seu 9, mas, ironicamente, talvez mais ofensivo do que nunca.