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E se o Flamengo sair do Brasileirão? Análise do impacto financeiro e esportivo

Nas últimas semanas o Flamengo entrou em uma grande polêmica depois de começar uma briga por direitos econômicos de transmissão e TV, o que levou outros clubes a protestarem publicamente. Leila Pereira, do Palmeiras, falou em criar uma liga sem o time, obrigando-o a jogar contra seu time sub-20.

Vamos fazer um exercício de imaginação, um experimento desconfortável, mas necessário para entender a dimensão do maior clube do país: e se o Flamengo, com sua força de marca e torcida, simplesmente decidisse abandonar o ecossistema do futebol brasileiro? A tese é que, embora o clube sobrevivesse, ele encolheria.

E o Brasileirão, órfão de sua maior locomotiva, entraria em uma crise sem precedentes. Seria uma hecatombe para todos os lados.

O Primeiro Impacto: Onde Dói no Caixa do Flamengo

A primeira e mais brutal consequência seria financeira. O orçamento rubro-negro sofreria um colapso em suas receitas mais previsíveis:

  • Direitos de TV e Premiações: A fatia mais gorda do bolo, vinda do Brasileirão e da Copa do Brasil, desapareceria instantaneamente. É o dinheiro que ancora o fluxo de caixa mensal.
  • Matchday e Bilheteria: Sem os grandes clássicos e jogos decisivos dos campeonatos nacionais, o Maracanã teria menos “datas premium”, e a arrecadação com ingressos despencaria.
  • Patrocínios: A maioria dos grandes contratos está atrelada à exposição em competições de elite. Sem o Brasileirão, cláusulas de quebra ou de renegociação de valores seriam ativadas, causando uma perda milionária.
  • Sócio-Torcedor: O principal produto oferecido — a prioridade de ingresso em jogos importantes — perderia seu valor.

Em resumo, o caixa do Flamengo passaria de recorrente e previsível para altamente volátil, dependente de “eventos”.

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O Campo Esquece: O Vácuo Esportivo

Foto: Adriano Fontes/Flamengo

Financeiramente abalado, o impacto esportivo seria igualmente severo. Sem disputar competições da CBF, o Flamengo não teria caminho para se classificar para a Libertadores ou Sul-Americana. O clube viraria um “gigante de jogos amistosos”.

Isso criaria um efeito dominó: jogadores de ponta, que buscam títulos e vitrine, perderiam o interesse; a base perderia minutos qualificados para se desenvolver; e o calendário se tornaria uma sucessão de excursões internacionais que geram mídia, mas não o atrito competitivo que forma grandes times.

O Outro Lado do Espelho: O Brasileirão sem seu Protagonista

O futebol brasileiro também perderia — e muito. O Flamengo é o maior trator de audiência nacional. Sem ele:

  • Audiência de TV Cai: As emissoras perderiam seu produto de maior apelo, o que levaria a uma renegociação de cotas e patrocínios para todos os outros clubes.
  • Bilheteria dos Rivais Despenca: Para muitos clubes da Série A, o jogo contra o Flamengo em casa é a maior arrecadação do ano. Essa receita sumiria.
  • A Liga Perde Relevância: O Brasileirão perderia seu principal protagonista, suas maiores rivalidades e boa parte de sua narrativa.

Veredito: os 2 lados perderiam, mas seria pior para o Flamengo

Um Flamengo fora do ecossistema brasileiro sobreviveria apoiado em sua marca gigantesca, mas seria, no curto e médio prazo, um clube menor, mais pobre e menos relevante esportivamente. Viraria uma grife de entretenimento, não uma potência competitiva.

Para o Brasileirão, a perda de sua locomotiva de audiência e receita criaria uma crise sistêmica. Em uma frase: um Brasil sem Flamengo em campo é um mercado menor; e um Flamengo fora do Brasil é um time mais pobre em jogo grande. Os dois lados perdem — e logo perceberiam que o melhor negócio é, e sempre será, competir juntos.

Fhilipe Pelájjio
Fhilipe Pelájjiohttps://moonbh.com.br/fhilipe-pelajjio/
Publicitário, jornalista e pós-graduado em marketing, é editor do Moon BH e do Jornal Aqui de BH e Brasília. Já foi editor do Bhaz, tem passagem pela Itatiaia e parcerias com R7, Correio Braziliense e Estado de Minas. Especialista na cobertura de futebol, com foco em Atlético, Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo há mais de 10 anos.