A venda de Matheus Gonçalves ao Al-Ahli, da Arábia Saudita, por €8 milhões (cerca de R$ 50 milhões) é mais do que um bom negócio para o Flamengo; é o capítulo final de uma novela de bastidores que envolveu pressão da torcida, rivalidade e um suposto “medo” de reforçar um adversário direto na briga pelo título: o Cruzeiro.
A cronologia dos fatos, apurada por diversos veículos, mostra que o clube carioca mudou radicalmente de rota para evitar “armar” um concorrente.
A Cronologia de uma Reviravolta Estratégica
- 11 de julho: O Flamengo aceita a proposta do Cruzeiro de €3,5 milhões por 50% do jogador. O negócio estava verbalmente fechado.
- 14 de julho: Após uma reação negativa e de forte pressão da torcida rubro-negra nas redes sociais, a diretoria recua e desfaz o acordo com a Raposa.
- Agosto: Com o jogador novamente no mercado, o Flamengo recebe uma sondagem de €7 milhões do CSKA (Rússia) e, dias depois, fecha a venda por um valor ainda maior, de €8 milhões, para o Al-Ahli.
A Tese do “Medo”: Fato ou Versão?
Oficialmente, o Flamengo não admite, mas nos bastidores, a tese de que o clube evitou fortalecer o Cruzeiro ganhou muita força. Comentaristas como Jaeci Carvalho verbalizaram a ideia de “medo” de liberar um talento como Matheus Gonçalves para um time que também briga na parte de cima da tabela.
Não há um documento que prove o “medo”, mas os indícios são claros: o clube preferiu esperar uma proposta do exterior, mesmo que demorasse mais, a ver sua joia brilhando com a camisa de um rival direto. Naquele momento, o Flamengo ainda disputava a Copa do Brasil e era visto como um favorito.
Análise: Gestão de Risco é o Nome do Jogo
A narrativa de que o Flamengo “vendeu por medo do Cruzeiro” simplifica um quebra-cabeça com peças financeiras, políticas (a pressão da torcida) e esportivas. A realidade é que a diretoria fez uma gestão de risco.
Recuou ao ver a arquibancada em ebulição e, quando surgiu uma oferta financeiramente superior e que eliminava o risco competitivo, monetizou o ativo. No futebol de 2025, a gestão de risco pesa tanto quanto um gol. E nesta equação, o Flamengo escolheu o dinheiro somado à neutralização de um rival.