Em um cenário de crescente profissionalização com as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) no Brasil, o Flamengo se posiciona como uma potência não apenas em campo, mas também em valor de mercado. Análises de especialistas, como a do economista Cesar Grafietti, projetam que uma eventual SAF do clube carioca poderia atingir um valuation (valor de mercado) entre R$ 6 e 7 bilhões, números que o colocam em um patamar muito acima de seus principais concorrentes no país.
Essa projeção se baseia na combinação de fatores que o Flamengo já lidera com folga: o tamanho de sua torcida, receitas de marketing recordes, competitividade esportiva e uma infraestrutura robusta que inclui um moderno centro de treinamento e o projeto de um estádio próprio.
Flamengo x concorrentes: a realidade das SAFs
Relatórios financeiros recentes, como o da Sports Value, traçam um panorama claro da distância entre o Flamengo e outros grandes clubes, mesmo aqueles que já se tornaram SAF.
- Flamengo: Lidera com a maior receita do Brasil (R$ 1,334 bilhão em 2024) e já possui um valuation atual de R$ 4,879 bilhões, mesmo como associação e já descontando suas baixas dívidas operacionais (R$ 353 milhões).
- Atlético-MG: Mesmo com uma dívida elevada, a SAF do Galo é a mais valiosa de Minas Gerais, com valuation de R$ 3,387 bilhões, impulsionado por ativos estratégicos como a Arena MRV e a Cidade do Galo.
- Botafogo: Sob controle da 777 Partners/John Textor, a SAF do Botafogo viu seu valuation atingir R$ 1,857 bilhão, após um aporte recorde de R$ 320 milhões no elenco em 2024.
- Cruzeiro: Com o recente aporte de R$ 600 milhões de seu novo dono, Pedrinho BH, a SAF do Cruzeiro aparece com um valuation de R$ 1,472 bilhão e uma receita de R$ 371 milhões.
E o Palmeiras? Já o segundo maior clube do país poderia atingir um valor de SAF especulado na casa dos R$ 4 a R$ 5 bilhões, segundo dados da Sports Value.
O caminho da SAF no Flamengo
Embora uma pesquisa recente tenha mostrado que cerca de 60% dos torcedores no Brasil aprovam o modelo de SAF, a torcida do Flamengo ainda se mostra mais hesitante, muito por conta da atual saúde financeira do clube, que não depende de um investidor para “salvar as contas”.
O clube estuda o melhor modelo, observando inclusive parcerias como a do Bayern de Munique, onde o clube mantém o controle majoritário (75%) e vende fatias minoritárias para parceiros estratégicos (Audi, Allianz e Adidas), captando investimento sem perder sua identidade. Caso o Flamengo optasse por um caminho semelhante, a venda de apenas 30% de sua SAF poderia render cerca de R$ 2 bilhões aos cofres, um valor que poderia financiar a construção do estádio e alavancar ainda mais o projeto esportivo.
Landim coloca preço
Em entrevista para a CNN Brasil no último domingo, o ex-presidente do Flamengo colocou um preço no que consideraria justo para a SAF flamenguista.
“Eu acho que o Flamengo hoje, como instituição — e considerando os múltiplos de mercado, além do potencial de crescimento que ainda tem — valeria, se fosse vendido, algo em torno de 1 bilhão de dólares. Perto de 6 bilhões de reais. Seria, de longe, a maior SAF do Brasil”, disse. Isso daria algo entre R$ 5 a R$ 6 bilhões, casando com a média sugerida por Cesar Grafietti.