A “lua de mel” no Botafogo deu lugar a uma batalha judicial que pode comprometer o planejamento de 2026. Em uma decisão inédita desde a criação da SAF, a Justiça do Rio de Janeiro (21ª Câmara de Direito Privado) atendeu parcialmente a um pedido do clube social e determinou: John Textor e a Eagle Football não podem mais vender jogadores ou ativos sem prévia comunicação e autorização judicial.
A medida liminar cai como uma bomba nos bastidores de General Severiano. Na prática, ela retira a autonomia total da SAF para gerir o fluxo de caixa e as transferências, criando um “filtro” burocrático que pode travar negociações em andamento.
O Que a Justiça Decidiu no Botafogo? O “Duplo Check”
O desembargador responsável aceitou a tese de que o patrimônio do clube precisa ser protegido enquanto se discute o mérito financeiro da parceria.
- A Trava: Qualquer alienação de ativos (venda de jogadores, imóveis), distribuição de dividendos ou despesas extraordinárias precisa ser comunicada ao juízo e ao clube social (que detém 10% das ações).
- O Risco: Se a SAF vender um atleta sem esse protocolo, a operação pode ser anulada.
Embora a Justiça tenha negado o pedido mais radical (intervenção na gestão e ressarcimento imediato de R$ 155 milhões), a restrição nas vendas atinge o coração do modelo de negócio de Textor.
A Raiz da Briga: O “Calote” de R$ 155 Milhões?
O clube social alega que a SAF não aportou recursos prometidos e apenas “empurrou” dívidas para dentro da operação, cobrando um ressarcimento de R$ 155,4 milhões. O medo dos associativos é o “esvaziamento” do clube: que Textor venda os principais ativos (jogadores valorizados) e deixe o Botafogo apenas com as dívidas.
O Impacto em 2026: Mercado Travado?
Para o departamento de futebol, a decisão é um pesadelo logístico. O mercado da bola exige velocidade. Ter que submeter cada proposta de venda (como as especuladas por Igor Jesus ou Luiz Henrique) ao crivo de um juiz e de opositores políticos pode fazer o Botafogo perder o timing de negociações milionárias.
A SAF já avisou que vai recorrer, alegando que a medida inviabiliza a gestão e afasta investidores.
Análise: Proteção ou Sabotagem?
A decisão judicial coloca o Botafogo em um limbo perigoso. Para o clube social, é uma medida de proteção do patrimônio centenário contra possíveis manobras financeiras de um grupo multinacional. Para a SAF, é uma interferência indevida que burocratiza o futebol e ameaça o orçamento de 2026, que depende de vendas para fechar a conta.
O fato é que a “autonomia absoluta” de John Textor acabou. Até que o recurso seja julgado, cada movimento do bilionário americano será vigiado por uma lupa judicial, transformando a gestão do futebol em uma tensa disputa de advogados.