O nome de Pedro Lourenço, o popular “Pedrinho BH”, transbordou as páginas de esportes e economia para entrar no radar da alta política mineira nesta quinta-feira (18). O dono da SAF do Cruzeiro foi formalmente convidado pela cúpula do MDB para se filiar ao partido e disputar uma das duas vagas de Minas Gerais ao Senado Federal nas eleições de 2026. O movimento misturou o bastidor eleitoral com a vitrine midiática de quem controla o clube mais popular do estado, mas a resposta veio rápida.
Horas após a notícia do convite ganhar as manchetes, Pedrinho jogou um balde de água fria nas pretensões partidárias. Em contato com o jornal O Tempo, o empresário descartou a possibilidade de entrar na vida pública agora. “Negativo. Não vou me filiar”, disparou, tentando encerrar o assunto antes que ele virasse uma novela política.
O Convite ao dono do Cruzeiro e a Estratégia do MDB
A articulação, segundo a Rádio Itatiaia, partiu do deputado federal Newton Cardoso Jr., presidente estadual do MDB em Minas. Durante uma reunião realizada nesta quinta, o parlamentar colocou o convite na mesa, afirmando que seria possível “construir” a candidatura de Pedrinho com facilidade, dada sua penetração popular.
A ideia do partido era usar a imagem do empresário para compor uma chapa majoritária robusta em 2026. Especulava-se, inclusive, uma composição onde Gabriel Azevedo (MDB) poderia figurar como pré-candidato ao governo ou em outra posição estratégica, tendo Pedrinho como o “puxador de votos” para o Senado.
Por que Pedrinho virou o “Sonho de Consumo” Político
O interesse do MDB não é aleatório. Pedrinho reúne três ativos raríssimos para uma candidatura majoritária em um estado complexo como Minas Gerais:
- Reconhecimento Popular: Construiu uma marca gigantesca no varejo (Supermercados BH) que fala com todas as classes sociais.
- Poder Econômico: Tem capacidade de financiamento e articulação empresarial.
- Canhão Midiático: Desde abril de 2024, quando comprou 90% da SAF do Cruzeiro em uma operação avaliada em R$ 600 milhões, ele se tornou figura onipresente na imprensa, comentando desde contratações até reformas de CT.
Além disso, 2026 será um ano de disputa acirrada no Congresso. O Senado renovará dois terços de suas cadeiras (serão duas vagas em jogo por estado), o que faz com que os partidos busquem nomes de peso (“outsiders” ou consagrados) para garantir essas posições estratégicas.
O Risco da Mistura Futebol e Política
Embora o convite tenha potencial para inflar o ego, ele carrega um risco enorme para a gestão do Cruzeiro. O torcedor tende a ler qualquer movimento político do dono da SAF com desconfiança. Uma cadeira no Senado aumentaria a influência do clube em Brasília, mas também politizaria a arquibancada: qualquer fase ruim do time poderia virar munição eleitoral, e qualquer votação impopular no Congresso poderia respingar na imagem da SAF.
Ao dizer “não”, Pedrinho sinaliza que prefere manter os dois mundos separados — pelo menos por enquanto. A cronologia do dia foi clara: de tarde, falava-se em “analisar nas próximas semanas”; à noite, veio o “negativo” seco.
