Quando o torcedor do Cruzeiro olha para a tabela e vê seu time na parte de cima, com atuações consistentes, é difícil não lembrar da montanha-russa que foi (e em partes ainda é) a reconstrução celeste. Depois de anos flertando com o caos – e por vezes o abraçando com intensidade –, o clube parece, enfim, encontrar um caminho de estabilidade. Isso, claro, não sem tropeços, turbulências e muita cobrança da arquibancada.
A chegada de Pedro Lourenço, o “Pedrinho BH”, como é conhecido no mundo dos negócios e agora também no universo da bola, foi um divisor de águas. Empresário bem-sucedido, cruzeirense de coração, ele não apenas comprou a SAF do clube como trouxe algo que vinha fazendo falta nos bastidores do Cruzeiro: dinheiro e comando. O investimento, até aqui, beira os R$ 200 milhões, entre a compra da SAF e a chegada de reforços. Mas mais importante que o valor, foi a clareza de projeto – ainda em construção – e a mudança de postura no mercado.
Reformulação ousada
A diretoria comandada por Pedrinho não teve medo de agir. O elenco foi reformulado com coragem. Chegaram jogadores como Cássio, experiente e multicampeão no Corinthians, um goleiro que traz liderança para dentro e fora de campo. No meio, Matheus Henrique mostrou que a ideia é ter um time competitivo, com talento e intensidade. A cereja do bolo talvez tenha sido a manutenção de nomes como Lucas Silva e a chegada do astro Gabigol, além da aposta certeira no técnico Leonardo Jardim.
Os bastidores do Cruzeiro ainda exigem vigilância
Mas nem tudo foram flores. A temporada começou turbulenta, com problemas dentro de campo e entrevistas que expuseram problemas graves e culminaram com a saída de Dudu para o Atlético.
Pedrinho BH, por sua vez, teve que lidar com o jogo político fora de campo – mesmo sendo dono da SAF, foi alvo de críticas internas, pressões externas e desconfianças quanto à real capacidade de gestão de futebol. Ainda assim, manteve-se firme. Contratou consultores, trouxe nomes de confiança para cargos-chave e demonstrou que não está no Cruzeiro apenas por paixão, mas com método.
O presente é promissor, mas o futuro cobra constância
Agora, embalado por vitórias importantes e com o Mineirão mais uma vez pulsando, o Cruzeiro volta a sonhar com vaga na Libertadores – algo que, até pouco tempo atrás, era quase uma utopia. O torcedor ainda é cauteloso, mas já começa a enxergar um horizonte de competitividade. O clube se aproxima de um ponto de virada.
Claro, há muito o que melhorar. O elenco ainda carece de profundidade, especialmente em peças de reposição no ataque. A defesa, apesar de sólida, precisa de alternativas, e o time sente quando não tem seus titulares à disposição. Mas é inegável que o momento é de otimismo – um luxo que o cruzeirense não se permitia há anos.
Pedrinho BH, com todos os seus acertos e erros, apostou alto. E por ora, o Cruzeiro dá sinais de que pode, sim, voltar a ser protagonista. A caminhada é longa, mas pela primeira vez em muito tempo, parece haver um caminho.