Se o Galo estava em baixa e se preocupando com a zona de rebaixamento, agora o novo treinador pode dar um respiro valioso para o clube na segunda metade da temporada. A lista de desejos de Jorge Sampaoli para o Atlético de 2026 é ambiciosa e tem dois alvos claros com endereço no Rio de Janeiro: Everton Cebolinha e Allan, ambos do Flamengo.
Do ponto de vista tático, os pedidos do argentino fazem todo o sentido. Financeiramente, são operações complexas, mas possíveis com criatividade. O verdadeiro obstáculo, no entanto, é político e emocional, um fator que pode travar qualquer negociação antes mesmo de os valores entrarem na mesa.
A Lógica Tática: Por que Sampaoli Quer os Dois?
Os dois jogadores são peças que se encaixam perfeitamente no modelo de jogo de Sampaoli.
- Everton Cebolinha: É o ponta agressivo, de drible e velocidade, capaz de dar profundidade e pressionar a saída de bola adversária — um motor para o 4-3-3 que o técnico tanto aprecia.
- Allan: É o volante de “primeiro passe”, que qualifica a saída de bola e oferece a cobertura defensiva que permite aos laterais e meias avançarem. Ele é o pilar que sustenta o estilo de controle de Sampaoli.
O Desafio: Dinheiro vs. Rejeição da Arquibancada
Cada negociação tem seu próprio obstáculo gigante. No caso de Cebolinha, o problema é o dinheiro. Comprado por mais de € 13 milhões pelo CRF, o atacante tem contrato longo e não sairia barato. A única via plausível seria um empréstimo com divisão de salários e opção de compra.
Já com Allan, o problema é a memória. A saída do volante para o Flamengo em 2023 foi traumática para a torcida do Galo, gerando protestos e um sentimento de “traição” que ainda persiste. Sua contratação exigiria uma operação de comunicação e marketing para reconquistar a arquibancada, um risco político enorme para a diretoria.
Análise: Qual o Cenário Mais Provável?
A chance de o “pacotão” duplo se concretizar é baixa (cerca de 20%). A operação mais factível seria a tentativa por apenas um dos jogadores, provavelmente Cebolinha (40% de chance), por meio de um empréstimo condicionado.
Ele chegaria com menos ruído político e resolveria uma carência técnica no ataque. A volta de Allan (30% de chance), mesmo por empréstimo, dependeria de uma costura política muito bem feita.
O que eu acho que o Atlético fará
O desejo de Sampaoli é legítimo do ponto de vista tático, e a engenharia financeira para trazer um dos dois por empréstimo é tolerável. Mas, no futebol, nem tudo se resume a campo e planilha.
A política da arquibancada decide jogos e, principalmente, contratações. Se o Atlético quiser mesmo reforçar o time com nomes do Flamengo, a abordagem mais inteligente seria começar por Cebolinha, o negócio de menor atrito. Trazer os dois de uma vez, especialmente com o passivo de Allan, seria uma aposta de altíssimo risco, onde um cheque grande, sozinho, não seria suficiente para silenciar as vaias.