“Você não é mais jogador!” – a frase ecoou das arquibancadas do Estádio Nabi Abi Chedid enquanto Gabriel Barbosa, o Gabigol, entrava em campo no segundo tempo da partida entre RB Bragantino e Cruzeiro.
Pelo terceiro jogo consecutivo, o atacante que deixou o Flamengo para ser protagonista em Belo Horizonte amargava a reserva, numa situação que já se transforma em crise e levanta questionamentos sobre o futuro de um dos jogadores mais badalados do futebol brasileiro.
A provocação da torcida adversária não poderia ser mais simbólica. Afinal, o que está acontecendo com Gabigol? Como um artilheiro que decidiu finais de Libertadores e foi ídolo no Flamengo se transformou em coadjuvante no Cruzeiro em tão pouco tempo?
A resposta para essas perguntas passa por uma complexa equação que envolve ego, tática, política interna e, claro, o pragmatismo do técnico Leonardo Jardim.
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Gabigol tem o maior contrato da história do Cruzeiro
Contratado como a grande estrela para a temporada 2025, Gabigol chegou à Toca da Raposa com status de salvador e salário astronômico. A expectativa era que ele fosse o homem-gol que o Cruzeiro tanto precisava para voltar aos dias de glória.
No entanto, a realidade tem se mostrado bem diferente do roteiro idealizado pela diretoria celeste.
Nos primeiros jogos, Gabigol até correspondeu, marcando gols importantes e mostrando seu faro de artilheiro. Mas a chegada de Leonardo Jardim ao comando técnico mudou completamente o cenário.
O treinador português, conhecido por seu pragmatismo e disciplina tática, não se impressionou com o currículo do atacante e passou a exigir dele uma entrega defensiva que nunca foi seu forte.
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Kaio Jorge ganha espaço de Gabigol
O resultado? Gabigol perdeu espaço para Kaio Jorge, atacante menos badalado, mas que executa com mais precisão as funções táticas exigidas por Jardim. Contra São Paulo, Bahia e agora RB Bragantino, o camisa 99 começou no banco, entrando apenas no decorrer das partidas – quando entrou.
A situação é ainda mais delicada quando analisamos o contexto: Gabigol deixou o Flamengo justamente por estar insatisfeito com a reserva, buscando um clube onde pudesse ser protagonista.
A ironia do destino o colocou exatamente na mesma situação que tentou evitar, com o agravante de estar em um clube de menor expressão nacional no momento.
As provocações da torcida do Bragantino são apenas a ponta do iceberg de um problema que pode explodir a qualquer momento. Conhecendo o temperamento de Gabigol, é difícil imaginar que ele aceitará pacificamente a condição de reserva por muito tempo.
Os bastidores já indicam um clima de insatisfação, com o jogador demonstrando impaciência nos treinos e pouca interação com o restante do elenco.
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Investimento frustrou a torcida?
Para a torcida cruzeirense, a situação gera sentimentos contraditórios. Por um lado, há a frustração de ver um investimento milionário sentado no banco de reservas.
Por outro, os resultados recentes com Kaio Jorge no comando do ataque não têm sido ruins, o que dá respaldo às decisões de Jardim.
A derrota por 1 a 0 para o RB Bragantino no último domingo foi apenas mais um capítulo desta novela que promete novos desdobramentos. Gabigol entrou no intervalo, teve algumas oportunidades, mas não conseguiu evitar o revés da equipe celeste em Bragança Paulista.
Enquanto isso, as provocações continuarão, tanto dentro quanto fora de campo. “Você não é mais jogador” pode ser apenas uma provocação de torcida rival, mas carrega um questionamento legítimo:
o Gabigol que decidia jogos importantes ainda existe ou ficou no passado? A resposta a essa pergunta definirá não apenas o futuro do atacante no Cruzeiro, mas também sua própria trajetória no futebol brasileiro.