Projeto propõe ‘pagar’ infração com doação de sangue em Belo Horizonte

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Imagine ser multado no trânsito e, em vez de desembolsar dinheiro para a Prefeitura, você pudesse “pagar” a infração indo ao Hemominas. Essa é a proposta de um Projeto de Lei polêmico e inovador apresentado pelo vereador Vile (PL) na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

O texto sugere que o pagamento em espécie da multa de trânsito seja substituído, de forma facultativa (ou seja, o motorista escolhe), pela doação de sangue ou pelo cadastro como doador de medula óssea.

Como funcionaria a troca?

Pela proposta, o condutor autuado teria a opção de apresentar o comprovante de doação para anular o valor financeiro da penalidade.

  • O Objetivo: Aumentar os estoques de sangue dos hospitais de BH e incentivar o cadastro de medula, que historicamente sofre com baixa adesão.
  • A Escolha: Quem não puder ou não quiser doar, continuaria pagando a multa da forma tradicional.

“Salvar vidas em vez de apenas arrecadar”

A justificativa do vereador Vile toca na crítica comum da “indústria da multa”. Segundo o parlamentar, a medida transformaria uma punição puramente arrecadatória em um ato de solidariedade que salva vidas.

Embora a ideia seja popular e tenha forte apelo social, o projeto deve enfrentar resistência na Comissão de Legislação e Justiça. Juridicamente, propostas que envolvem renúncia de receita (o município deixar de receber dinheiro) costumam ser vetadas se não indicarem de onde sairá o recurso para cobrir o rombo. Além disso, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é uma lei federal, o que dificulta que um município altere a forma de punição.

Ainda assim, o debate está aberto: vale a pena abrir mão da receita de multas para salvar vidas nos hospitais?