Diante das críticas sobre a “explosão” de radares em Belo Horizonte, a Prefeitura (PBH) apresentou uma defesa técnica contundente para justificar os equipamentos da capital. O argumento central ataca o maior mito do motorista: segundo o executivo, ‘definitivamente não há questão arrecadatória’ na decisão.
O custo operacional é alto e apesar do sistema se pagar, alguns radares, na prática, dão prejuízo aos cofres públicos, mantidos ali exclusivamente para garantir a segurança em pontos críticos.
Acidentes evitáveis causam caos no trânsito e engarrafamento
O Moon BH conversou com Jussara Belavinha, subsecretaria de Operações de Transporte e Trânsito. Ela explicou que a fiscalização eletrônica é vital não só para salvar vidas, mas para impedir que a cidade pare. A lógica é: acidente trava o trânsito.
Seguindo este ponto de vista, uma avanço de sinal pode gerar um acidente, que vai paralisar uma faixa e pode trazer um efeito cascata se for em uma grande avenida em horário de pico. Serão horas até o serviço de socorro e remoção dos veículos liberarem a faixa. Isso pode travar o trânsito até em bairros ao lado, que serão usados pelo motorista para desviar do local paralisado.
Ao forçar a redução da velocidade em vias arteriais (onde os radares são instalados), o município reduz a gravidade das batidas. Menos batidas significam menos faixas interditadas e fluxo contínuo. Impedir um avanço de sinal vermelho pode gerar economia de tempo para centenas de motoristas.
O dado alarmante: O fator moto
A prefeitura traz um número que justifica o rigor na fiscalização. Há uma desproporção brutal nos acidentes da capital:
- A Frota: Motocicletas representam entre 12% e 16% dos veículos de BH.
- Os Acidentes: Elas estão envolvidas em 75% das ocorrências.

Ou seja, a minoria da frota causa a esmagadora maioria dos problemas que travam a cidade e lotam os hospitais (e o SAMU). O radar, nesse contexto, é a ferramenta para conter o excesso de velocidade e a imprudência, especialmente desse grupo vulnerável. Nos últimos anos entregadores e ‘mototáxis’ aumentam o tráfego de motos consideravelmente.
Critérios técnicos: Onde o radar é instalado?
A PBH rebate a ideia de que os radares são “escondidos” ou colocados aleatoriamente para pegar motorista distraído. A escolha do local segue quatro critérios técnicos, segundo Jussara:
- Desobediência: Locais onde observa-se alto índice de desrespeito às leis.
- Pedestres: Áreas com grande fluxo de travessia.
- Risco: Pontos com grande probabilidade matemática de acidentes.
- Histórico: Locais com índices de acidentes comprovados (considerando um raio de 30 metros).
Polêmica e número de acidentes

Segundo os dados analisados pelo Moon BH, de fato não houve redução de acidentes em relação ao aumento de radares, mas a PBH conseguiu apresentar uma perspectiva diferente dos dados.
Apesar de reconhecer que o número da frota não condiz com a “frota real”, por que locadoras emplacam na capital mas mandam os veículos para outras cidades, a conversa chamou atenção do site para o aumento de número de viagens.
Serviços como Uber, 99 e iFood colocaram os veículos para fazer milhares de viagens. Ou seja, agora o mesmo número de automóveis passam o dia rodando pela capital – mesmo número de automóveis fazendo muito mais trajetos.
A conclusão é que não há como não concordar com a PBH que menos acidentes evitáveis – por imprudência – ajudam a evitar um trânsito ainda pior. E neste ponto mais radares pode fazer sentido.























