Sabesp aumenta conta e corta investimento; alerta para Copasa em MG?

Foto: reprodução

A promessa de que a privatização traria tarifas mais baixas e investimentos recordes sofreu um duro golpe em São Paulo — e o eco dessa decisão já é ouvido em Minas Gerais. A Sabesp, recém-privatizada, anunciou seu primeiro reajuste tarifário sob nova gestão: um aumento de 6,11% nas contas de água e esgoto a partir de janeiro de 2026.

Além do impacto no bolso, a companhia frustrou o mercado e a população ao anunciar cortes nas projeções de investimento. O cenário paulista acende um sinal de alerta máximo para os mineiros, que assistem ao avanço do projeto do governador Romeu Zema para privatizar a Copasa.

O Caso Sabesp: Conta Mais Cara e Menos Obras

O aumento de 6,11% autorizado pela agência reguladora de SP (Arsesp) contradiz a promessa feita pelo governador Tarcísio de Freitas, que garantiu categoricamente em entrevistas que a tarifa cairia após a desestatização.

Para piorar, a Sabesp revisou suas projeções e cancelou investimentos previstos, alegando “realinhamento de políticas internas”. O resultado imediato da gestão privada, até agora, foi:

  1. Tarifa mais alta para o consumidor.
  2. Menos dinheiro para obras de saneamento.
  3. Aumento de reclamações (recorde em outubro, segundo sindicatos).

O “Espelho” Mineiro: O Perigo para a Copasa

Em Minas Gerais, o projeto de privatização da Copasa avança na Assembleia Legislativa (ALMG) sob forte pressão do governo Zema. O argumento oficial é idêntico ao usado em SP: modernização e eficiência.

No entanto, especialistas e deputados de oposição usam o exemplo vizinho como um “trailer” do que pode acontecer aqui.

  • O Alerta: Se em São Paulo, o estado mais rico do país, a privatização resultou em tarifa mais cara e corte de investimento em menos de um ano, qual a garantia de que em Minas será diferente?
  • O Risco: A Copasa atende centenas de municípios pequenos que não dão lucro. Sob uma gestão focada puramente em resultados financeiros (como a da nova Sabesp), essas regiões podem sofrer com desinvestimento e tarifas abusivas.

Análise: A Realidade vs. O Discurso

O caso da Sabesp desmonta, na prática, o principal argumento de venda das estatais de saneamento. A água não ficou mais barata e as obras não aceleraram magicamente.

Para o eleitor e consumidor mineiro, o recado que vem de São Paulo é claro: privatização de monopólio natural (como a água, onde você não pode escolher outra empresa) sem regulação ferrenha tende a resultar apenas em lucro para o acionista e boleto mais caro para a população. O “alerta Sabesp” deve pesar nos debates finais sobre o destino da Copasa na ALMG.