Álvaro Damião aumenta em R$ 50 milhões gastos no próprio gabinete

Foto: PBH

A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou, em turno único e sem grandes resistências, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. O texto traz uma contradição que vai dar o que falar: enquanto a cidade prevê um déficit (rombo) de R$ 700 milhões nas contas, a verba destinada exclusivamente ao gabinete do prefeito Álvaro Damião (União Brasil) vai quase dobrar.

Pelos números oficiais, o custo do gabinete saltará de R$ 51,6 milhões (em 2025) para impressionantes R$ 98,7 milhões em 2026. Uma alta de 91% em um único ano.

O “Gabinete Turbinado” de Álvaro Damião

Enquanto o discurso oficial da Prefeitura é de “pés no chão” e austeridade para cobrir o rombo bilionário, o coração político do governo segue outra lógica.

O montante de quase R$ 100 milhões reservado para o gabinete engloba a estrutura ligada diretamente ao prefeito:

  • Salários e cargos comissionados do núcleo duro;
  • Contratos de consultoria e comunicação institucional;
  • Viagens e manutenção administrativa.

O contraste é gritante: o aumento percentual do gabinete é infinitamente superior ao crescimento das áreas sociais, justamente em um ano que antecede movimentos eleitorais importantes.

O Rombo Oficial: R$ 700 milhões no vermelho

O orçamento global de BH para 2026 prevê uma receita de R$ 24,13 bilhões contra uma despesa de R$ 24,9 bilhões.

O resultado é um déficit estimado em R$ 700 milhões. O líder de governo na Câmara, vereador Bruno Miranda (PDT), minimizou o buraco, alegando que a PBH faz previsões “conservadoras” de receita e que o rombo pode ser compensado com eventual superávit de 2025.

Onde o dinheiro vai (teoricamente):

  1. Saúde: R$ 7 bilhões (31% do total).
  2. Educação: R$ 4 bilhões (17%).
  3. Mobilidade/Subsídios: Quase R$ 2 bilhões (7%).

Austeridade para quem?

A aprovação da LOA 2026 com 38 votos favoráveis e pouca discussão mostra um Legislativo alinhado, mas deixa um recado amargo para o cidadão.

Para o belo-horizontino que enfrenta ônibus lotado e fila no posto de saúde, a conta não fecha. Se a cidade está “no vermelho” a ponto de projetar um déficit de R$ 700 milhões, qual a justificativa técnica para o gabinete do prefeito — uma área puramente administrativa e política — ter um reajuste de 91%?

Se o discurso é de crise e necessidade de subsídios, o orçamento de 2026 parece aplicar a austeridade na ponta do serviço público, enquanto garante a bonança no ar-condicionado da Avenida Afonso Pena.