Nos bastidores do poder municipal, o que parecia uma agenda positiva trivial — vídeos institucionais sobre a zeladoria do Zoológico — transformou-se no maior pesadelo de comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte. Não se trata de animais; trata-se de um erro de cálculo estratégico que expôs a vulnerabilidade central da atual gestão.
Fontes do palácio confirmam que a ofensiva de marketing não foi proativa, mas reativa. O vereador Pablo Almeida (e outros da oposição) encontraram um flanco aberto: a “política de flagrante”. Armados com celulares, eles abandonaram o debate de plenário e foram para o TikTok, explorando a estética da “denúncia real” — ferrugem, mato alto, estruturas cansadas.
A Prefeitura, sentindo o baque do engajamento negativo, cometeu o erro clássico: tentou combater a realidade com produção.
O que o establishment não entendeu é que a briga pelo Zoológico de BH não é sobre fatos; é sobre memória afetiva. O belo-horizontino tem uma relação de orgulho com aquele espaço. É o passeio de domingo, a memória da infância, a “era de ouro”. Quando a gestão apresenta um vídeo com filtros, limpeza cênica e enquadramentos perfeitos, o cidadão não se sente informado; ele se sente insultado.
A mensagem que a Prefeitura passa é: “Não acredite no que seus olhos veem quando você nos visita; acredite no que minha agência de publicidade filmou.”

A política de câmera, em 2025, sempre perde para a política de chão. E o juiz dessa disputa é implacável: a seção de comentários.
O verdadeiro pânico da administração não é o vídeo do vereador; é o que vem abaixo dele. A enxurrada de relatos de cidadãos comuns validando a denúncia — “Fui lá e estava assim mesmo”, “Que saudade de quando era limpo”, “Está abandonado” — é o veredito.
Quando a opinião pública, o cliente final do serviço, corrobora a oposição, a narrativa oficial morre. A Prefeitura não está mais debatendo com Pablo Almeida; está debatendo com milhares de eleitores nostálgicos e decepcionados.
Este episódio é uma metáfora perfeita para a administração. A “Nostalgia S.A.” é o ativo mais perigoso contra qualquer governante. Quando o eleitorado começa a usar o “antes era melhor” como régua, a gestão perdeu a guerra de percepção. O “era de ouro” do passado se torna a prova cabal da mediocridade do presente.
O que o caso do Zoológico ensina, de forma fria, é que o marketing não pode substituir a manutenção. O prefeito tentou salvar a imagem do parque, mas só conseguiu expor a realidade da gestão.
Ao tentar controlar o enquadramento, a administração provou que perdeu o controle da cidade real. E em Belo Horizonte, o eleitor sabe diferenciar perfeitamente um zoológico real de um zoológico político.























