Em política, há o ruído e há o sinal. Enquanto a maior parte de Brasília se perde no ruído das discussões ideológicas de curto prazo, a política real, a de resultados, está sendo praticada em silêncio. E ela tem um nome: Eduardo Cunha.
Preciso ser direto: a operação que Cunha desenha em Minas Gerais é, do ponto de vista tático, uma das mais inteligentes e bem executadas dos últimos anos. É um manual de como se reconstrói capital político no Brasil profundo.
Fontes do alto clero da política me confirmam que a escolha por Minas não foi um acaso ou uma fuga do Rio de Janeiro. Foi um cálculo. Cunha identificou no estado uma oportunidade de ouro: um eleitorado vasto, pragmático e um vácuo de representação que anseia por quem entende de “política raiz”.
O que estamos vendo é uma aula de construção de base. Uma estratégia que o establishment, viciado em pesquisas nacionais, não consegue enxergar. Cunha entendeu o que a Faria Lima e os analistas do Leblon esqueceram: política se ganha no município.
Plano de Eduardo Cunha reside em seu tripé de conexão popular: Mídia, Paixão e Fé.
Primeiro, a Mídia. A aquisição estratégica de estações de rádio, como a rede “Maravilha” e operações em Uberaba, é um movimento de mestre. Cunha não está comprando “mídia”; ele está investindo em diálogo direto. Ele garante que sua mensagem chegue sem filtro, prestando serviço e entretenimento. É a antítese da bolha das redes sociais; é comunicação de massa eficiente.

Segundo, a Paixão. Ao patrocinar o Uberaba Sport Club, Cunha faz mais do que marketing. Ele investe no “imobiliário emocional” do mineiro. Em um estado que vive futebol, associar seu nome à paixão local, à esperança do acesso e ao orgulho da cidade, é criar um laço afetivo que campanha nenhuma constrói em seis meses. É visão de longo prazo.
Terceiro, a Fé. A aproximação de Cunha do circuito evangélico e sua presença nos principais eventos do agronegócio, como a Expozebu, demonstram um profundo entendimento de quem move a economia e os valores do interior. Ele não está “surfando uma onda”; ele está se alinhando ao Brasil real, que produz e que crê.
Enquanto a crítica se apega ao passado, Cunha foca no futuro. Ele sabe que o eleitor do Triângulo ou do Sul de Minas está mais preocupado com quem pode trazer relevância para sua cidade e falar sua língua do que com narrativas antigas requentadas pela mídia nacional.
A classe política mineira, que de boba não tem nada, já percebeu o movimento. O que alguns veem como “invasão”, os mais inteligentes veem como oportunidade. Cunha não chega para dividir; ele chega para somar, trazendo consigo uma capacidade de articulação em Brasília que poucos no estado possuem.
A estratégia é impecável porque é anticíclica. No momento em que a política se digitalizou e se distanciou das pessoas, Cunha faz o caminho inverso: ele vai ao campo de futebol, à rádio local e ao culto.
O plano de Eduardo Cunha em Minas é mais que uma pré-campanha; é a execução de um projeto de poder sólido, baseado em ativos reais e conexões genuínas. É a política como ela é, em sua forma mais eficaz. Podem aplaudir ou criticar, mas é preciso admitir: é brilhante.























