No tabuleiro político de Minas Gerais para 2026, circula o nome de Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) como pré-candidato ao Senado. Paralelamente, Eros Biondini (PL-MG) também desponta como postulante dentro da base bolsonarista e de centro-direita. O que chama atenção, porém, é que ambos vêm sendo alvo de investigações relativas à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais), hoje no centro da CPMI do INSS, dedicada a esquemas de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
A relação de políticos com entidades investigadas não é, em si, condenável — o que exige é transparência, prestação de contas e, eventualmente, responsabilização se houver conduta imprópria. Ainda assim, para quem pretende disputar mandato majoritário, esse tipo de vínculo pode virar ônus eleitoral.
O que já se sabe até agora
Durante depoimento na CPMI, o presidente da Conafer, Carlos Roberto Lopes, foi questionado pelo relator deputado Alfredo Gaspar sobre uma suposta entrevista em que identificou Euclydes Pettersen como “padrinho” da entidade, e citou que Pettersen teria relação política com operações da Conafer. Pettersen foi nome mencionado durante o depoimento.
Colunistas investigativos do Metrópoles apontaram que Pettersen fez emendas ao Instituto Terra e Trabalho (ITT) — braço associado à Conafer — cujas licitações teriam sido questionadas por supostas subcontratações dentro do mesmo universo da entidade. Um ponto que levantou suspeitas é que aeronaves da entidade foram vinculadas a operações envolvendo Pettersen.
Já em relação a Eros Biondini, há registros públicos de que ele destinou R$ 5 milhões em emendas parlamentares ao mesmo instituto (ITT) que está no cerne da investigação da Conafer.
A reportagem que tratou dessa emenda observou que o beneficiário era uma entidade dirigida por cunhado do presidente da Conafer. Biondini, por sua vez, declarou que só tomou conhecimento das relações com a Conafer posteriormente e que solicitou cancelamento ou fiscalização dos recursos, acionando órgãos de controle.
O que isso representa no xadrez eleitoral
- Risco reputacional elevado
Quem disputa mandato majoritário enfrenta maior escrutínio público e midiático. Ser citado em matérias investigativas ou aparecer em depoimentos da CPMI confere material de oposição e questionamentos sobre integridade. - Alvo de ataques antecipados
Campanhas adversárias tendem a explorar essas ligações como indício de “proximidade com esquemas” ou “parcerias opacas”. Mesmo sem comprovação judicial, o estrago eleitoral pode ocorrer. - Pressão por explicações detalhadas
Para neutralizar o desgaste, Pettersen e Biondini precisarão apresentar documentos, justificativas e transparência nos contratos e prestações de contas — antes que o ambiente eleitoral se converter em tribunal paralelo ao processo da CPMI. - Vantagem para adversários com ficha limpa
Em cenário polarizado, apelidos como “conectado à Conafer” podem penalizar candidaturas novas ou moderadas que queiram se apresentar como “novas práticas”. O eleitor atento pode preferir nomes menos carregados. - Legitimidade investigativa
A CPMI já aprovou pedido de prisão preventiva para o presidente da Conafer, e há amplos indícios levantados por auditorias e pelos próprios depoimentos.
Nome dos dois pode colocar direita em risco?
A presença de Euclydes Pettersen e Eros Biondini no tabuleiro da direita mineira possui vantagens eleitorais — perfil, base política e recursos. Mas a associação com entidades sob investigação na CPMI do INSS traz risco legítimo.
Se desejam disputar com competitividade e legitimidade, ambos terão de responder publicamente sobre essas relações. A transparência será tão valiosa quanto votos. Hoje, mais do que propostas, eleitores querem saber com quem o candidato anda e em que tipo de parceria se envolve. Se essas ligações forem confirmadas além das nuances, podem deixar marcas duradouras em suas candidaturas.























