Zema bate o pé e vai alugar Palácio da Liberdade para festas e eventos

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A “guerra” pelo uso do Palácio da Liberdade teve uma batalha vencida pelos ex-governadores, mas o conflito está longe de acabar. Pressionado por uma união política improvável, o governador Romeu Zema (Novo) admitiu um “erro” na norma que liberava o espaço para festas privadas e a revogou. No entanto, em um movimento de contra-ataque, ele já avisou: a intenção de “alugar” o palácio permanece, e um novo texto será apresentado.

A declaração, dada nesta quinta-feira (25), mostra que a queda de braços sobre o destino de um dos maiores símbolos de Minas Gerais terá novos e tensos capítulos.

A Batalha da Semana: Ascensão e Queda do Decreto

A polêmica explodiu na última sexta-feira (19), com a publicação de uma portaria que abria os salões e jardins do Palácio da Liberdade para eventos privados, com uma tabela de preços que chegava a R$ 75 mil. A reação foi imediata e avassaladora. Entidades de patrimônio, a oposição e, principalmente, os ex-governadores, se uniram em um coro de críticas. A pressão foi tão forte que, na terça-feira (23), apenas cinco dias depois, o governo recuou e revogou a medida.

A Aliança Inimaginável: Aécio e Pimentel no Mesmo Lado

O golpe de maior peso contra o plano de Zema veio de uma frente inesperada. Quatro ex-governadores assinaram uma carta conjunta criticando a “deturpação” do papel do Palácio: Antonio Anastasia, Eduardo Azeredo e, para o espanto do cenário político, os arquirrivais Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT).

A união dos dois, que protagonizaram algumas das disputas mais ferozes da história recente de Minas, deu um peso simbólico gigantesco à causa e mostrou que a defesa do patrimônio histórico do estado foi capaz de unir até mesmo os adversários mais ferrenhos.

A Contraofensiva de Zema: “Vamos Corrigir o Texto”

Encurralado, Zema admitiu o erro na forma, mas não no mérito. Nesta quinta, ele afirmou que houve um “equívoco” na redação do decreto, mas que o plano de permitir o uso do espaço por particulares continua de pé. A promessa é de apresentar um novo modelo, com regras mais claras e salvaguardas para o patrimônio.

Uma Batalha de Visões

A “guerra pelo Palácio” é, no fundo, uma batalha de visões sobre o patrimônio público. De um lado, a gestão de Zema, com um olhar gerencial, que vê no palácio um ativo que pode gerar receita para sua própria manutenção. Do outro, os ex-governadores e defensores do patrimônio, que veem o espaço como um símbolo sagrado da história de Minas, que não pode ser “mercantilizado”.

O recuo de Zema foi uma derrota política, mas sua insistência mostra que ele não desistiu da briga. Para que seu plano tenha alguma chance de sucesso, a nova proposta terá que ser impecável: com regras de uso extremamente rígidas e, principalmente, com contrapartidas claras que mostrem que o “aluguel” servirá para preservar, e não para descaracterizar, o coração de Minas Gerais.

The Politica
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