Como Leônidas mudou patamar da Cultura de MG — 5 pilares do orçamento, patrimônio e público

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Quando Leônidas Oliveira se despediu da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas, cravou: “foram anos incríveis para as artes, as culturas e o turismo”. Frase de efeito? Sim — mas, olhando os números e as políticas, dá para dizer que houve mudança de patamar. A seguir, um balanço das principais ações e dos avanços concretos da gestão, e como isso ficou no mapa cultural do estado.

1) Dinheiro na veia da Cultura — e distribuído

A Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LeiC) bateu captação recorde: R$ 159 milhões em 2024, com a pasta celebrando o salto de projetos de territórios e economia criativa fora do eixo BH. Além do incentivo fiscal, o Governo abriu editais do Fundo Estadual de Cultura (FEC) que somam R$ 22,5 milhões em 2025. A política de fomento, antes concentrada, ganhou escala e capilaridade.

2) Patrimônio como política de Estado (e dinheiro para os municípios)

O ICMS Patrimônio Cultural virou motor municipal: 98% das cidades mineiras pontuaram no programa em 2024 e 2025, garantindo repasses que financiam inventários, restauros e educação patrimonial. Para um estado com 853 municípios, isso significa quase universalização da política de preservação.

3) O Circuito Liberdade como vitrine nacional

No Circuito Liberdade, a rede de equipamentos culturais (gerida pela Fundação Clóvis Salgado/Secult) bateu recorde de público: 7,4 milhões de visitantes em 2024, acima de 2023 (7 milhões). O complexo cresceu e passou a abrigar 32 equipamentos, com o Palácio da Liberdade incorporado ao circuito. É a síntese da estratégia: programação forte + requalificação de espaços.

4) Retomada pós-pandemia e “economia da criatividade”

A Secult costurou, ainda em 2020, respostas rápidas para mitigar o impacto da pandemia, articulando Lei Aldir Blanc, reabertura gradual e reprogramação de políticas. O discurso não ficou só no “evento”: a pasta passou a medir emprego e renda do setor, defendendo a cultura como vetor econômico — e a comunicação oficial registrou a economia criativa como um dos geradores de emprego do estado.

5) Interiorização também no turismo cultural

Na fronteira entre cultura e turismo, a secretaria ampliou a base do ICMS Turismo: 485 municípios habilitados na lista provisória (referência 2022) — alta de 65% frente ao ano anterior. A lógica é a mesma dos outros pilares: premiar quem estrutura política local (conselho, plano, inventário) e injetar recurso de forma perene.

O que ficou como legado

  • Descentralização como estratégia de Estado (não só de governo), com instrumentos estáveis — LeiC, FEC, ICMS Patrimônio/ICMS Turismo — e metas de alcance territorial.
  • Rede de equipamentos forte e aberta ao público (Circuito Liberdade) como âncora de programação e turismo cultural.
  • Governança e comunicação: prestação de contas mais visível e narrativa econômica da cultura, útil para defender orçamento em tempos difíceis.

A leitura (sem verniz)

Minas saiu de um modelo concentrado e reativo para outro distribuído e medido em indicadores. Houve escolhas políticas — fortalecer incentivos, amarrar repasses ao desempenho municipal e transformar o Circuito Liberdade em plataforma de escala — que explicam o ganho de público, patrimônio e investimento.

Com Leônidas deixando o cargo após cinco anos, o risco agora é descontinuar o que depende de manutenção diária (editais, monitoramento, conservação). Se o próximo time mantiver o trilho, o que se viu de 2020 a 2025 vira, de fato, política de Estado — e não um parêntese bem-sucedido.