O palco era social, mas o recado foi político — e direto. Durante a visita do presidente Lula a Belo Horizonte nesta quinta-feira (4), o prefeito Álvaro Damião (União) mandou uma “cutucada” afiada à sua vizinha, a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), e incendiou a disputa por protagonismo e por verbas federais na Região Metropolitana.
Ao discursar no lançamento do programa Gás do Povo, Damião ironizou a longa lista de pedidos feita por Marília a Lula na semana anterior: “Não vou fazer como a Marília fez semana passada, que colocou o presidente em saia justa e saiu pedindo um monte de coisa, isso e aquilo”, disparou, em uma fala que imediatamente repercutiu nos bastidores políticos.
A Alfinetada e o “Pedido de Desculpas” de Lula
A “alfinetada” de Damião foi uma resposta direta à grande vitrine que Marília Campos teve durante a visita presidencial a Contagem, em 29 de agosto. Na ocasião, a prefeita apresentou uma extensa pauta de demandas.
O gesto de Damião surtiu efeito imediato. No mesmo evento, o próprio presidente Lula, em um aceno de reequilíbrio, pediu desculpas públicas ao prefeito de BH por ter antecipado em Contagem anúncios que também interessavam à capital, e prometeu adiar a assinatura da compra de ônibus elétricos para um evento futuro em Belo Horizonte.
A Batalha pela Vitrine Metropolitana
O episódio expõe uma batalha de narrativas na Grande BH. De um lado, Marília Campos, aliada de primeira hora do PT, usa sua proximidade com o Planalto para posicionar Contagem como um grande polo de investimentos federais.
Do outro, Álvaro Damião, de outro campo político, usa a força da capital para exigir o protagonismo que lhe é de direito, ao mesmo tempo em que mantém uma relação pragmática com o presidente, a quem disse: “falamos o mesmo idioma”.
O Recado por Trás da Ironia
A fala de Damião foi um movimento duplo de mestre. Para o público interno, ele “cutucou” a rival e sinalizou que Belo Horizonte não aceitará um papel de coadjuvante na distribuição de recursos. Para o governo federal, ele demonstrou uma postura de parceria, mas cobrou respeito institucional. O resultado foi positivo: o próprio presidente sentiu a necessidade de fazer um gesto de afago à capital.























