Aécio Neves: o plano para voltar a ser governador de Minas Gerais

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O ex-governador Aécio Neves está de volta ao jogo pelo comando de Minas Gerais? Oficialmente, a resposta é “não”. Mas nos bastidores da política, uma série de movimentos calculados, alianças estratégicas e uma nova e profissionalizada postura pública sinalizam que o plano para retornar ao Palácio Tiradentes em 2026 está em pleno andamento.

Enquanto nega a candidatura, o deputado federal reorganiza o PSDB, costura alianças e testa um discurso de “equilíbrio” para o eleitorado mineiro, em um aquecimento que já subiu a temperatura do debate para a sucessão estadual.

Os 3 Sinais do “Modo Campanha”

A estratégia de Aécio para voltar ao protagonismo se desenrola em três frentes principais, que funcionam como claros indicativos de um projeto de poder:

O Dono do Partido: Aécio tem se movimentado para recolocar o PSDB no centro do debate nacional. A tentativa de fusão com o Podemos, embora frustrada, mostrou sua ambição de turbinar a legenda com mais tempo de TV e uma bancada maior. Mesmo com o recuo, ele se consolidou como a principal engrenagem do tucanato, preparando o terreno para uma candidatura majoritária.

O Arquiteto de Alianças: Sabendo que o PSDB encolheu, Aécio tem construído pontes fora de casa. O apoio explícito à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), e a circulação constante por gabinetes do MDB são acenos claros de que ele busca construir uma coalizão ampla e de centro, essencial para vencer em Minas.

A Nova Narrativa Digital: Nas redes sociais, Aécio ligou o “modo campanha”. Seus perfis foram profissionalizados, com vídeos de alta qualidade, o mote “tenho um sonho para Minas” e um resgate constante de seu legado como governador (2003-2010), em uma clara estratégia de “soft rebranding” para atrair o eleitor moderado e órfão da polarização.

O Choque de Realidade: As Pesquisas e os Obstáculos

Apesar da articulação, o caminho de volta ao Palácio não é simples. Levantamentos de intenção de voto recentes não colocam Aécio entre os favoritos, com nomes como o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e do deputado Nikolas Ferreira (PL) aparecendo na dianteira. Além disso, o ex-governador ainda lida com um “passivo reputacional” e com a realidade de um PSDB menor e mais fragmentado.

O Jogo Duplo do “Kingmaker”

Aécio Neves está no jogo, e de forma muito inteligente. Hoje, ele atua em duas pontas: como um pré-candidato em “modo stealth” e, ao mesmo tempo, como o principal articulador de uma candidatura de centro, seja a sua própria ou a de um aliado.

O movimento tem lógica: ou ele volta ao poder ancorado por uma grande aliança, ou se capitaliza como o “kingmaker”, a figura decisiva que pode definir a eleição em um estado onde a moderação costuma vencer. A conta que decidirá seu destino não é a de seu passado, mas a de seu presente: quantos prefeitos e partidos ele conseguirá levar para a foto de 2026.