Um relatório da Polícia Federal (PF) revelou uma troca de mensagens que expõe uma “guerra fria” e a disputa por poder dentro da direita brasileira. Segundo o documento, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou com seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma série de postagens com duras críticas ao colega de partido Nikolas Ferreira (PL-MG).
As mensagens, enviadas no final de junho, acusavam o parlamentar mineiro de tentar “descolar” sua imagem da do ex-presidente.
O que o relatório da PF revelou
A troca de mensagens consta no relatório final do inquérito que indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes. A PF aponta que Eduardo enviou ao pai, via redes sociais, publicações de terceiros que criticavam Nikolas Ferreira.
O conteúdo acusava o mineiro de negligenciar a convocação para manifestações bolsonaristas e de buscar um protagonismo político independente, se afastando da figura de Jair Bolsonaro.
Curiosamente, poucos dias após compartilhar o conteúdo de forma privada, Eduardo foi a público e fez críticas na mesma linha contra o colega de partido.
O contexto da disputa interna no PL
A revelação da Polícia Federal joga luz sobre uma crescente fricção interna no Partido Liberal. Nikolas Ferreira, um fenômeno de popularidade e votos, tem buscado construir uma imagem com mais autonomia, o que estaria gerando descontentamento no núcleo mais próximo da família Bolsonaro.
A atitude de Eduardo, de levar as críticas diretamente ao pai, é vista como parte de uma estratégia de articulação para “fritar” o colega e conter seu crescimento como uma liderança independente dentro do mesmo campo ideológico.
Uma disputa por influência e narrativa
A ação de Eduardo Bolsonaro revela uma tentativa clara de moldar a narrativa política e evitar que figuras como Nikolas Ferreira ganhem autonomia midiática na mesma base de apoio do pai.
O episódio, agora documentado em um inquérito oficial, mostra que a disputa por influência na direita não acontece apenas nos palanques, mas também nos bastidores, por meio de articulações familiares e digitais. A escalada dessa tensão interna indica que o PL, principal partido de oposição, ainda sofre com disputas simbólicas e com a falta de um projeto unificado para além da figura de Jair Bolsonaro.























