Moon BH – O prefeito Alexandre Kalil acusou a Sra. de usar o projeto do desconto na passagem para desgastar a imagem dele. Por isto, estaria recusando aceitar o projeto. Nos bastidores, comenta-se que a intenção seria receber somente depois da renúncia de Kalil para que o projeto não recebesse os créditos. Isto é verdade? Por que o prefeito disse isto, em sua opinião?
Nely Aquino – Não, isso não é verdade. Primeiro que o projeto no qual o prefeito diz ser de “redução de passagem”, trata-se, na verdade, de mais um subsídio de R$156 milhões para as empresas de ônibus, além do que já foi concedido de mais de R$200 milhões. Na última quinta-feira, 10, a assessoria técnica da Prefeitura, juntamente com o Secretário de obras e infraestrutura Josué Valadão, veio até a Câmara para discutir os pontos do projeto que estavam em desacordo com a lei, para correção das falhas apontadas no despacho, reconhecidas, inclusive, pela própria assessoria técnica da Prefeitura. Portanto, não houve embate político por parte da Câmara, sendo somente um erro técnico na redação deste projeto. Infelizmente, o desequilíbrio do prefeito Kalil prejudica o diálogo e a construção, atrasando a tramitação deste e de outros projetos apresentados pelo Executivo.
Moon BH – Há preocupação da Câmara com o prazo para que o projeto entre em vigor? A guerra pode ter mudado o cenário, já que o combustível está em disparada. A Câmara se preocupa que os moradores da capital possam ser atingidos?*
Nely Aquino – Claro que a Câmara se preocupa. Inclusive o transporte público vem sendo motivo de preocupação e diversas discussões há muito tempo nesta Casa, taí a CPI da BHTRANS. Os preocupação não é apenas em reduzir tarifa, mas garantir a qualidade do transporte público que atende a população de Belo Horizonte.
Moon BH – O que a Câmara pode fazer se as empresas se recusarem a colocar os ônibus nas ruas?
Nely Aquino – Fiscalizar e cobrar ações da prefeitura, já que o contrato dessa concessão é de responsabilidade dela. Existe limite legal entre os poderes legislativo e executivo, então o que podemos fazer é realmente cobrar. Belo Horizonte vem por anos, refém de contratos de empresas de ônibus que decidem o que devem fazer e da forma que querem. E é preciso mudar isso, estudar soluções para reparar e melhorar a mobilidade da cidade de uma forma inteligente, onde pensa no usuário e no crescimento da cidade.
Moon BH – O Moon BH levou ao ar uma matéria mostrando que com o valor do subsídio dado às empresas seria possível construir um hospital do Barreiro por ano. Ao mesmo tempo, todas as grandes cidades do mundo, incluindo São Paulo, arcam com cerca de 60% do custo do transporte público. Como conciliar esta tendência mundial para incentivar o uso do transporte público com a sensação de que só estamos dando ainda mais dinheiro para os odiados empresários de ônibus?
Nely Aquino – Não há problema legal no subsídio, desde que haja garantias de um serviço honesto, bem aplicado e eficaz para a população. Por isso é preciso pensar na cidade como um todo, no atendimento à população, no crescimento da cidade e o que será deixado no futuro, em como esses serviços serão ofertados e adaptados a longo prazo.
Moon BH – Neste momento, na opinião da Sra. o subsídio aos ônibus é a melhor destinação destes R$ 150 milhões por ano?*
Nely Aquino – O projeto da prefeitura que trata deste subsídio ainda nem foi analisado no mérito, então não podemos afirmar se é a melhor destinação.
Moon BH – Kalil deixa a PBH em 10 dias. Assume Fuad Noman. O atual prefeito se declarou “inimigo pessoal” da Sra. Como define a sua relação com Fuad? O belo-horizontino pode esperar uma melhora na relação entre os dois poderes?
Nely Aquino – A minha relação com o Fuad Noman é de acordo com o que a população de Belo Horizonte necessita. Até então sempre foi muito cordial e profissional, de acordo com que o cargo exige. Não é uma característica minha criar ou manter desentendimentos, ainda mais profissional. Uma boa interlocução e diálogo entre os Poderes é vantajoso para o município, necessário e fundamental para a manutenção da Democracia
Moon BH – Sra. presidente, o prefeito Alexandre Kalil disse em entrevista que a Câmara emitiu nota dizendo que um Carnaval fora de época dependeria de Lei aprovada pela casa. Não encontramos esta nota no site da CMBH. Ela existe?
Nely Aquino – Essa nota não existe.
Moon BH – A folia, além de diversão, traz a BH cerca de R$ 1 bilhão para a economia. As maiores capitais do país decidiram fazer o evento no feriado de Tiradentes, em abril. A Câmara iria se opor caso um movimento dos blocos decidisse desfilar na mesma data de Rio de Janeiro e São Paulo?
Nely Aquino – A câmara não se opõe a nada que traga benefícios econômicos para a cidade, desde que sejam previamente avaliadas pelos órgãos competentes de saúde e segurança.
Moon BH – O Carnaval de Belo Horizonte ganhou proporções nacionais em suas duas edições. A maior escalada também se deu na gestão da Sra. frente à Câmara. Qual sua posição sobre a realização da folia em outra data, ainda em 2022?
Nely Aquino – Estamos ainda vivendo em um período pandêmico, é preciso se ater às medidas de prevenção e as orientações dadas pelos órgãos de saúde. São medidas que levam em consideração o esquema vacinal de cada cidade e índice de ocupações de leitos. O carnaval é uma festa popular, talvez a maior, que gera muito investimento e turismo para a cidade. Caso esteja tudo de acordo com as medidas de prevenção e proteção, não há motivos a se opor à festa.