No dia seguinte ao heroico empate por 1 a 1 com o Atlético, na Arena MRV, o técnico do Santos, Juan Pablo Vojvoda, fez algo raro no futebol: assumiu a responsabilidade pela fase do craque Neymar e traçou um plano público para recuperar seu melhor nível.
Questionado sobre as chances claras perdidas pelo camisa 10, o treinador rechaçou as críticas, “blindou” o jogador e foi direto: “Quero o melhor Neymar porque gosto de treinar com grandes jogadores e ele é um dos melhores da história”.
O contexto: um empate na raça em BH
A fala de Vojvoda vem após um dos jogos mais dramáticos do Santos no campeonato. No domingo (14), o time jogou bem no primeiro tempo contra o Atlético, com Neymar criando as melhores oportunidades, mas sem conseguir marcar.
No segundo tempo, o roteiro se complicou: o Peixe teve um jogador expulso, o goleiro Brazão se machucou em um choque e precisou ser substituído, e o time da casa abriu o placar. Mesmo com todas as adversidades, a equipe buscou o empate com Tiquinho Soares, e o treinador se mostrou muito satisfeito com a “raça e o comportamento” do grupo.
A defesa do camisa 10 e o plano para o futuro
Em vez de criticar as finalizações perdidas por Neymar, que viralizaram nas redes, Vojvoda focou no processo. “Teve chances no primeiro tempo, isso é importante”, argumentou, ressaltando que o craque voltou a se posicionar em zonas perigosas do campo.
A estratégia da comissão técnica é clara: dar a Neymar uma sequência de jogos com carga controlada e utilizá-lo em uma função mais centralizada, como um organizador que pisa na área, e não apenas como um ponta. A semana inteira de treinos antes do clássico contra o São Paulo, no próximo domingo, será fundamental para esses ajustes.
Análise
A atitude de Vojvoda é uma aula de gestão de elenco. Ao defender Neymar publicamente, ele alinha o vestiário, a imprensa e a torcida em torno de um projeto de recuperação, e não de caça às bruxas. O ajuste tático, aproximando o camisa 10 da área, é o caminho lógico para aumentar a frequência de finalizações e, consequentemente, o impacto do craque nos jogos.
Em Belo Horizonte, já vimos as chances aparecerem em bom volume; com uma semana cheia de treinos e o apoio da Vila Belmiro, o próximo capítulo dessa história tem tudo para ser menos sobre as chances perdidas e mais sobre o poder de decisão que o Brasil se acostumou a ver.

