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Santos vê 5 interessados na SAF e tenta acelerar — o que já foi feito, e o que falta

O dossiê da SAF do Santos saiu do PowerPoint e ganhou tração. Pelo menos cinco empresas pediram acesso ao material preparado pela XP Investimentos e sinalizaram interesse em discutir a compra de participação no futebol do clube — movimento que, nos bastidores, levou a cúpula a acelerar a agenda de governança para colocar a pauta em votação ainda neste ciclo.

Onde o processo está (e por que corre)

Desde 14 de maio, o Santos contratou a XP para avaliar o ativo, estruturar a oferta e ir ao mercado buscar potenciais investidores, com suporte jurídico do Bichara e Mota Advogados. A diretriz de Marcelo Teixeira é só levar a mudança ao Conselho com “proposta na mão” — isto é, termos indicativos já discutidos.

Na semana passada, 80 conselheiros ouviram a Comissão de Estatuto, que propõe retirar a trava dos 49% do texto atual e permitir que diferentes modelos (controle, minoritária, joint venture) cheguem à votação, sempre seguidos de Assembleia de Sócios. É a chave para acelerar.

Quem aparece no radar

No mercado, a leitura é de corrida multiclubes. A BlueCo (Chelsea/Strasbourg) foi citada na imprensa de marketing esportivo como um dos grupos que sondaram o projeto santista — ainda em estágio exploratório.

Já a narrativa de “Neymar Pai comprará a SAF” segue sem amarração: a própria CNN trouxe, em abril/maio, a fala oficial de que o desenho não passa pelo craque ou sua família neste momento.

O que falta para virar SAF (passo a passo)

  1. MoU/Term Sheet — interessados formam termos indicativos (valorização, volume, governança, investimentos, dívidas).
  2. Ajuste estatutário — Conselho Deliberativo vota alteração que libera formatos acima dos 49% (ou mantém trava, se assim decidir).
  3. Assembleia de Sócios — chancela final do associado para constituição da SAF e alienação da participação.
  4. Due diligence & contratos — auditoria, shareholders’ agreement, garantias e cronograma de aporte.
  5. Registro e closing — CNPJ da SAF, transferência de ativos do futebol, homologações regulatórias.

Por que a pressa faz sentido (e onde mora o risco)

Finanças e calendário. Entrar 2026 com capex de investidor — CT, base e elenco — muda o teto esportivo. Perder o timing empurra a discussão para outro mandato e um mercado mais caro.

Valuation depende do momento. A XP desenha a história para a “venda com tese” (Neymar de volta, mídia, estádio/arena). Se o time patinar ou a política travar, o clube perde preço.

Governança é a linha de corte. Sem cláusulas de proteção (voto qualificado, lock-up de ativos históricos, metas de investimento), a SAF vira cheque em branco — e o Conselho tem cobrado contrapartidas claras.

Marcos Amaral
Marcos Amaral
Jornalista formado pela Estácio de Sá, cobre futebol por paixão e profissão. Jogador amador, é especialista na cobertura do Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético, Grêmio e Corinthians. Há mais de anos acompanha de perto o futebol nacional.