Em uma declaração que redefine a política de mercado do Santos, o executivo de futebol Alexandre Mattos mandou um recado claro: na nova era de reconstrução do clube, ninguém é inegociável — nem mesmo a maior joia da base, Robinho Jr., ou o ídolo máximo, Neymar e o badalado goleiro Brazão. Segundo o dirigente, se chegar uma proposta “justa”, o clube sentará à mesa para negociar.
A fala, dita em coletiva nesta quarta-feira (3), estabelece uma nova e pragmática filosofia na Vila Belmiro: a de que o clube precisa equilibrar a ambição esportiva com a saúde financeira, e a venda de ativos é parte fundamental desse processo.
O “Case Luca Meirelles”: A Prova do Modelo
A nova política já foi testada e aprovada na prática. A recente venda do atacante Luca Meirelles ao Shakhtar Donetsk por €12 milhões, com o Santos mantendo um percentual de revenda, é o exemplo perfeito do que Mattos define como uma proposta “justa”.
O clube fez um excelente negócio financeiro sem se desfazer do ativo por completo. É essa a régua que será usada para futuras negociações.
“Podem ter certeza que como foi o Luca, se chegar alguma proposta, vamos analisar. Se for um valor que achamos justo, vamos negociar e até vender”
E Robinho Jr.? O Futuro do Herdeiro
A menção a Robinho Jr. é a mais sensível. O atacante de 17 anos, filho do ídolo Robinho, teve seu contrato renovado recentemente até 2027, justamente para protegê-lo do assédio. O Grêmio chegou a fazer uma sondagem, que foi recusada.

A fala de Mattos, no entanto, sinaliza que essa blindagem não é eterna. Se um clube europeu chegar com uma proposta na casa de €10 a €20 milhões — patamar de outras grandes promessas brasileiras —, a diretoria estará disposta a ouvir. Aí que entra as portas abertas para negociações, até dos grandes:
“Se não for de interesse, não vamos negociar. O que é dito a vocês às vezes não é realidade. Cadê o papel, tem mesmo alguma coisa? A qualquer atleta, desde Neymar, Brazão. Se for justo vamos escutar”, diz Mattos.
“Sem Inegociáveis”: Não é Liquidação, é Gestão
A nova política do Santos, verbalizada por Alexandre Mattos, é um choque de realismo e governança de risco. Dizer que “ninguém é inegociável” não significa que o clube está em liquidação. Significa que o Santos, agora, precifica seus sonhos. Ao estender o contrato de Robinho Jr., o clube ganhou tempo para que o ativo amadureça.
Ao mesmo tempo, mantém a porta aberta para uma venda que possa mudar o patamar financeiro do clube. É a estratégia mais racional para um time que precisa competir hoje e pagar as contas de amanhã. O recado para o mercado está dado: se a proposta for justa, o Santos vende. Se for apenas especulação, o jogador fica e se valoriza na Vila.