A maior venda de um zagueiro na história do futebol brasileiro virou um complexo caso de Justiça. O Palmeiras foi determinado pela 17ª Vara Cível de São Paulo a entregar, em até 15 dias, todos os documentos da transferência do zagueiro Vitor Reis para o Manchester City, negócio fechado por € 37 milhões (cerca de R$ 232 milhões) no início de 2025.
A ordem atende a um pedido da empresa AGON Empreendimentos Esportivos, que afirma ter direito a 10% de comissão sobre o valor líquido da operação – uma fatia que gira em torno de R$ 23 milhões. O clube, por sua vez, sustenta que o acordo de exclusividade foi rescindido antes da venda.
A Raiz da Briga: O Contrato de Exclusividade de 2021
O cerne da disputa está em um documento assinado em fevereiro de 2021. Nele, a empresa AGON afirma ter garantido a exclusividade na intermediação de uma futura venda de Vitor Reis, com direito a 10% da comissão após o jogador completar 18 anos.
A AGON alega que procurou o clube e o Manchester City para reafirmar sua exclusividade quando o negócio começou a andar (entre janeiro e fevereiro de 2025). Dias depois, o Palmeiras notificou a empresa, revogando o mandato. A AGON, no entanto, questiona a validade dessa revogação e levou o caso ao Judiciário, pedindo acesso aos contratos e aditivos da transação.
A Decisão da Justiça e a Posição do Palmeiras
A determinação da juíza não obriga o Palmeiras a pagar a comissão, mas sim a fornecer os contratos. O prazo de 15 dias para a entrega dos papéis é crucial: o clube deve cumprir a ordem para evitar sanções processuais.

Nos bastidores, a posição do Verdão é de tranquilidade:
- Argumento: O clube sustenta que a AGON não participou da negociação com o Manchester City e que o termo de exclusividade foi legalmente rescindido antes da venda ser concluída.
- O Objetivo: A diretoria pretende usar os documentos para provar na Justiça que a operação com o City foi conduzida por outros agentes e que não há mais obrigação contratual com a empresa que move a ação.
Análise: Um Teste de Estresse para a Gestão de Leila
A briga por R$ 23 milhões expõe uma realidade antiga no futebol, onde cada linha de um contrato de base pode valer uma fortuna. Para o Palmeiras, o caso Vitor Reis é um teste de estresse para a sua estrutura jurídica.
O clube detinha 100% dos direitos de Vitor Reis – o que significaria que o caixa receberia os R$ 232 milhões integrais, tornando a briga pela comissão de R$ 23 milhões um passivo relevante. Se a Justiça encontrar falhas na revogação do mandato de 2021, o Verdão terá de abrir mão de uma fatia considerável do lucro recorde.
Se o departamento jurídico conseguir provar que a rescisão foi feita dentro da legalidade, o clube reforça a imagem de uma gestão que protege seus ativos não apenas em campo, mas também nos tribunais. A palavra final caberá à Justiça, mas, por ora, a ordem é: entregar os papéis.