A expectativa era enorme, mas muita gente ficou frustrada com a convocação de Carlo Ancelotti, que deixou de fora praticamente todos os jogadores em times do Brasileirão e escolheu somente um nome do Cruzeiro e um do Corinthians, para o gol. A nova convocação de Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira é um mapa claro de suas prioridades atuais.
Ao chamar apenas dois jogadores que atuam no Brasil – o zagueiro Fabrício Bruno e o goleiro Hugo Souza para os amistosos na Ásia, o técnico italiano envia um recado: a porta para o Brasileirão está entreaberta, mas a régua para entrar é altíssima.
A lista, quase inteiramente “europeia”, não é um demérito ao nosso campeonato, mas sim uma fotografia da filosofia de trabalho do treinador para esta janela.
O que explica o motivo de Ancelotti?
A primeira camada da análise é pragmática. Com dois amistosos na Ásia (Coreia do Sul e Japão), o desgaste de viagem para jogadores que atuam no Brasil, em meio à reta final de suas competições, é imenso. O próprio Ancelotti justificou a escolha como uma forma de otimizar a logística e observar de perto o bloco de jogadores que já está em pleno ritmo na temporada europeia.
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Por que Fabrício Bruno e Hugo furaram o bloqueio

Se a regra é privilegiar a Europa, as exceções dizem muito. As escolhas de Fabrício Bruno e Hugo Souza não foram aleatórias; elas premiam perfis específicos que se destacaram acima da média.
Fabrício Bruno (A Necessidade Tática): O zagueiro do Cruzeiro vive uma fase espetacular e, mais importante, possui uma característica que Ancelotti valoriza: a capacidade de defender com a linha alta, usando sua velocidade para cobrir grandes espaços. Com a ausência de outros nomes na posição, a convocação preenche uma lacuna tática com um jogador em seu auge técnico.
Hugo Souza (A Curva de Forma): A convocação do goleiro do Corinthians é um prêmio pela consistência e pela curva ascendente de desempenho. Após um 2025 de atuações seguras, ele entra na lista como um perfil a ser testado pela comissão técnica, que busca alternativas e diferentes características (jogo com os pés, estatura) para a posição.
A convocação para a Seleção Brasileira trouxe 3 alertas
A convocação para os amistosos de outubro deixa três lições claras sobre o projeto da Seleção:
A Base é Europeia: No curto prazo, o time titular e a maioria dos reservas virão de quem atua nas grandes ligas da Europa.
A Régua para o Brasileirão é a Excelência: Para ser convocado atuando no Brasil, não basta ser bom; é preciso ser o melhor da posição no país e, de preferência, oferecer uma característica que o técnico não encontra facilmente no exterior.
A Porta Não Está Fechada: Ao chamar Fabrício Bruno e Hugo Souza, Ancelotti sinaliza que o mérito individual pode, sim, superar a barreira logística. Para a dupla, é a chance de ouro de mostrar que podem converter uma oportunidade em uma vaga cativa no ciclo.