O Corinthians definiu o “preço de ouro” para sua próxima grande venda da base. A diretoria alvinegra sinalizou ao mercado que aceita abrir conversas pelo atacante Gui Negão, de 18 anos, por valores que partem de € 20 milhões (aproximadamente R$ 134 milhões na cotação atual).
O movimento funciona como um filtro para afastar especulações e uma âncora de negociação para a próxima janela de transferências, em janeiro de 2026.
Embora o atacante tenha perdido espaço na rotação principal com o retorno de Yuri Alberto e a boa fase de Memphis Depay, seu potencial e o contrato longo (até 2030) dão ao Timão total poder de barganha.
A Matemática da Venda: Líquido por Gui Negão
Uma proposta de € 20 milhões não significa que R$ 134 milhões entrarão integralmente no caixa do clube. Em uma transferência internacional deste porte, há deduções importantes:
- Mecanismo de Solidariedade (FIFA): Cerca de 5% do valor total (€ 1 milhão, ou R$ 6,7 milhões) são retidos pelo clube comprador para serem distribuídos aos clubes que formaram o atleta dos 12 aos 23 anos. Como o Corinthians foi o principal formador, ele recupera uma grande fatia desse valor, mas por uma via separada.
- Comissões e Intermediação: Taxas de agentes, que podem variar de 3% a 8% do negócio.
Fazendo uma “conta de guardanapo”, dos € 20 milhões brutos da venda, a faixa líquida que o Corinthians pode esperar receber no curto prazo (sem contar o que recupera da solidariedade) fica entre R$ 124 milhões e R$ 130 milhões.
A Estratégia de Venda do Corinthians

Para maximizar o retorno, o Corinthians deve trabalhar com um modelo que misture caixa imediato e ganhos futuros. A estrutura mais provável e vantajosa seria:
- Venda com Bônus + Revenda: O clube aceitaria um valor fixo um pouco menor (ex: € 15-16 milhões) em troca de bônus agressivos por metas (jogos, gols, títulos na Europa) e, o mais importante, a manutenção de 10% a 20% dos direitos (“mais-valia”) para lucrar novamente em uma futura venda do jogador na Europa.
Quem Pode Pagar? Os Perfis de Comprador
O preço de € 20 milhões filtra o mercado. Clubes de ponta da Premier League (Inglaterra) ou La Liga (Espanha) podem pagar o valor, mas podem esbarrar em regras de visto de trabalho (GBE) para um atleta tão jovem.
Por isso, o caminho mais natural seria uma “liga-ponte”, como Holanda (PSV), Portugal (Benfica/Porto) ou França/Alemanha. Esses clubes têm histórico de investir valores nessa faixa (entre € 12 e € 18 milhões) em talentos sul-americanos, desenvolvê-los e revendê-los por cifras ainda maiores, um modelo que se encaixa perfeitamente no perfil de Gui Negão.
Análise: A Hora Certa de Vender?
A diretoria do Corinthians age corretamente ao definir um “price tag” elevado. Aos 18 anos, Gui Negão é um ativo “A” do elenco, e vendê-lo agora é uma aposta na valorização que ele já atingiu. O ideal financeiramente seria fechar a venda em janeiro, mas negociar a permanência do jogador por empréstimo até julho de 2026.
Isso garantiria que Dorival Júnior não perdesse uma peça de ataque no início da temporada brasileira e entregaria o jogador ao clube europeu a tempo da pré-temporada deles. Se o clube conseguir fechar um pacote de € 15 milhões fixos + € 5 milhões em bônus e 20% de revenda, será um negócio espetacular, que alivia o caixa agora e “planta” uma nova receita para o futuro.