A “guerra” pela joia Kauê Furquim está longe de acabar e agora será travada nos tribunais. O Corinthians oficializou a entrada com um processo na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF, contra o Bahia, acusando o clube de “aliciamento”. As exigências do Timão são bombásticas e incluem uma indenização e o direito a uma multa futura que pode chegar a €50 milhões (cerca de R$ 315 milhões).
A ação judicial eleva a tensão entre os clubes e coloca o modelo de negócio do Grupo City, proprietário do Bahia, em xeque no futebol brasileiro.
As Exigências do Corinthians na Justiça
O processo movido pelo Corinthians é uma ofensiva jurídica pesada. O clube pede:
- Acusação de Aliciamento: Alega que o Bahia negociou com o atleta e seus representantes sem comunicar o Corinthians, o que é vedado pelo regulamento.
- Indenização de 200 Salários: Pede uma indenização baseada na legislação, equivalente a 200 vezes o salário oferecido ao jogador.
- Direito à Multa de €50 Milhões: Solicita à CNRD que garanta ao Corinthians o direito de cobrar a multa rescisória internacional (€50 mi) caso o Bahia, no futuro, venda Kauê para qualquer outro clube do Grupo City.
A Tese “Anti-Grupo City”
O ponto mais explosivo do processo é a tese de que o Bahia teria atuado como uma “ponte” para o Grupo City. O Corinthians argumenta que a operação foi uma engenharia para se beneficiar da multa rescisória nacional (R$ 14 milhões), muito mais barata, com a intenção de, futuramente, transferir o atleta dentro do conglomerado por um valor muito maior.
Análise: Um Caso que Pode Mudar o Futebol de Base
A ação do Corinthians é menos sobre “reaver o jogador” e mais sobre elevar o custo da operação e criar um precedente. Se a CNRD acatar a tese corintiana, especialmente a que envolve a multa para o Grupo City, nasce um desincentivo poderoso contra “atalhos” de grupos multiclubes no Brasil.
Se não acatar, o recado será o oposto: pague a multa doméstica e siga o jogo. De qualquer forma, o “caso Kauê Furquim” se torna o capítulo fundador de como os clubes tradicionais e os conglomerados globais vão disputar as joias do futebol brasileiro daqui para frente.