HomeEsportesAtléticoPBH assume R$ 32 milhões em obras da Arena MRV, que era...

PBH assume R$ 32 milhões em obras da Arena MRV, que era obrigação do Atlético

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou que irá assumir um pacote de obras viárias no entorno da Arena MRV, orçado em R$ 32 milhões. A decisão, tomada após a recente municipalização de trechos do Anel Rodoviário, imediatamente acendeu um debate acalorado na capital: o movimento é um “presente” para o Atlético, que se livra de contrapartidas caras, ou uma política pública legítima de mobilidade urbana?

O Ponto da Virada: A Municipalização do Anel Rodoviário

Para entender a mudança, é preciso olhar para a complexa engenharia jurídica da via.

  • O Cenário Antigo: O Anel Rodoviário era uma rodovia federal (gerida pelo DNIT). Neste cenário, todas as intervenções necessárias para o funcionamento do estádio (alças de acesso, passarelas, sinalização e drenagem) foram impostas ao empreendedor (o Atlético) como contrapartidas urbanísticas obrigatórias, definidas no Termo de Compromisso para mitigar o impacto da arena na região.
  • O Cenário Atual: Com a transferência da gestão de trechos do Anel para a PBH (a “municipalização”), o jogo mudou. Legalmente, a via deixa de ser uma rodovia federal e passa a ser parte do sistema viário da cidade.

A Prefeitura agora argumenta que as intervenções necessárias deixaram de ser “obras do estádio” e se tornaram obras públicas municipais, de responsabilidade da gestão da capital. A justificativa oficial é que as melhorias beneficiarão toda a população, o fluxo de cargas e os bairros do entorno (como Califórnia e Noroeste), e não apenas o torcedor em dias de jogo.

Onde Serão Gastos os R$ 32 Milhões?

O investimento, que deve ser alocado no orçamento de 2026, foca em problemas estruturais da região. Embora os valores exatos não tenham sido detalhados, uma obra dessa magnitude geralmente inclui:

  • Drenagem e Contenção de Encostas: (Estimativa de R$ 8 a 12 milhões)
  • Construção de Alças e Acessos: (Estimativa de R$ 10 a R$ 14 milhões)
  • Sinalização e Iluminação Inteligente: (Estimativa de R$ 4 a 6 milhões)
  • Passarelas e Segurança de Pedestres: (Estimativa de R$ 4 a 6 milhões)

O Debate do Dinheiro Público em obras do Atlético

A decisão da PBH, embora tecnicamente amparada pela nova realidade jurídica da via, é politicamente sensível. A reação foi imediata, especialmente por parte da torcida do Cruzeiro, que relembrou as duras exigências de contrapartidas na época da reforma do Mineirão para a Copa de 2014, levantando a suspeita de “favoritismo” ao Atlético.

O debate se divide: de um lado, a prefeitura defende uma ação necessária de mobilidade urbana em uma via agora sob sua tutela. Do outro, críticos veem o uso de R$ 32 milhões do contribuinte para arcar com uma conta que, originalmente, pertencia a um empreendimento privado.

No fim, a “polêmica dos R$ 32 milhões” expõe a complexa fronteira entre o público e o privado. Para o Galo, a municipalização representa um alívio financeiro inegável. Para a PBH, é o custo de assumir a gestão de uma das artérias mais problemáticas da cidade. A discussão sobre ser um “presente” ou “política pública” deve dominar os debates na Câmara Municipal e, claro, nas mesas de bar de Belo Horizonte.

Esportes Redação
Esportes Redação
Jornalista esportivos que trabalham há mais de 15 anos na cobertura diária dos principais clubes brasileiros, com foco em Atlético, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, Corinthians e Botafogo.