A transferência do volante Allan do Atlético para o Flamengo, em julho de 2023, foi um dos negócios mais caros e polêmicos entre os dois rivais. Mais de dois anos depois, uma análise dos números e do desempenho do jogador mostra duas versões muito distintas: no Galo, ele foi um protagonista silencioso e pilar de um time campeão; no Rubro-Negro, tornou-se uma peça de rotação de alto custo, com a trajetória marcada por lesões e uma forte concorrência no setor.
Os números da transferência e dos salários
Financeiramente, a mudança para o Rio de Janeiro foi um grande salto para Allan.
- Transferência: O Flamengo pagou € 8,2 milhões (cerca de R$ 43 milhões na época) ao Atlético por 70% dos direitos do jogador.
- Salários: Enquanto no Galo seus vencimentos eram de cerca de R$ 400 mil/mês (pediu R$ 900 mil para renovar e ouviu um “não da diretoria”, no Flamengo o valor mais do que dobrou, saltando para uma faixa entre R$ 850 mil e R$ 1 milhão por mês.
Para o Atlético, a venda foi um ótimo negócio, recuperando com lucro o investimento feito e aliviando a folha salarial, já que o clube não topou cobrir a pedida para renovar.
A diferença de minutos e papel tático
A principal diferença entre as duas passagens está no campo.
- No Atlético (auge em 2020-22): Allan era titular absoluto sob o comando de Sampaoli e Cuca. Com uma média de mais de 2.500 minutos por Brasileirão, ele era o “motor” do time, responsável por proteger a zaga e iniciar a construção das jogadas.
- No Flamengo (2023-25): A história é outra. Lesões (musculares, fascite plantar e até dengue) e a forte concorrência com estrelas como Pulgar, De La Cruz e os recém-chegados Saúl e Jorginho minaram sua sequência. Em 2025, por exemplo, ele tem apenas 682 minutos jogados na Série A até aqui, atuando como uma peça de rotação para fechar jogos e controlar o ritmo.
Análise de Allan no Atlético e no Flamengo
O “Allan do Galo” foi protagonista silencioso de um Atlético dominante; o “Allan do Fla” é um especialista de contexto, que entra para organizar a posse e baixar o risco.
A aposta do Flamengo em um jogador de alto custo fez sentido esportivo, pois elencos que disputam múltiplos títulos precisam de peças de reposição de qualidade. No entanto, o retorno do investimento, até agora, foi intermitente.
Se conseguir se manter saudável e ganhar uma sequência, Allan tem qualidade para recuperar o patamar que tinha em Minas. Mas, com a concorrência atual no Ninho do Urubu, sua régua de impacto no Flamengo continuará sendo medida mais pela regularidade física do que por números vistosos.